Dólar recua pelo 3° pregão consecutivo com vantagem de Biden e caminha para perda semanal
O dólar devolvia suas perdas iniciais e operava em leve alta contra o real na manhã desta sexta-feira, mas ainda caminhava para fechar a semana em forte queda devido à fraqueza global da divisa norte-americana, uma vez que o democrata Joe Biden se aproxima de conquistar os votos necessários para assumir a liderança da Casa Branca.
Às 10:21, o dólar avançava 0,32%, a 5,5635 reais na venda, depois de ter chegado a cair 0,73% na mínima do pregão, a 5,5049 reais, seu menor patamar intradiário em exatamente um mês.
O dólar futuro de maior liquidez subia 0,61%, a 5,565 reais.
Vários especialistas citavam movimentos de ajuste nos mercados, depois que apostas em uma vitória de Biden com permanência dos republicanos no controle do Senado norte-americano — cenário potencialmente positivo para as empresas dos Estados Unidos — provocaram uma onda de apetite por risco nos últimos dias.
Embora medidas — algumas já frustradas — do atual presidente dos EUA, Donald Trump, para tentar interromper a contagem de votos em alguns Estados-chave e judicializar o processo eleitoral estivessem no radar dos investidores, estabelecendo alguma incerteza, Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, chamou o movimento de “nada surpreendente”. Ele também citou realização de lucros nos ativos de risco globais.
Peso mexicano, lira turca, rand sul-africano e dólar australiano, alguns dos principais pares da moeda brasileira, operavam em queda contra o dólar, que caía 0,33% contra uma cesta de divisas fortes.
Apesar da leve recuperação de terreno desta sessão, desde o fechamento da última sexta-feira a moeda norte-americana acumula queda de quase 3%, impulsionada pela onda de apetite por risco provocada pelas eleições nos Estados Unidos.
Na véspera, o dólar negociado no mercado interbancário fechou cotado a 5,5455 reais na venda, seu menor patamar para encerramento desde 9 de outubro. Com isso, em apenas dois dias a divisa perdeu mais de 3,7%, depois de ter fechado a terça-feira em 5,7609 reais.
No Brasil, continuava no radar a saúde das contas públicas, com os investidores à espera de uma indicação clara sobre se o governo respeitará ou não seu teto de gastos.
A principal dúvida é sobre como um pacote de auxílio social seria financiado diante de um orçamento apertado para 2021.
Ao mesmo tempo, a agenda de reformas estruturais — considerada como essencial por boa parte dos mercados financeiros locais — segue estagnada. “Sem reformas, somos perigosamente suscetíveis ao pior do que pode acontecer no caso de qualquer crise se agravar no mundo como a atual”, disse Jason Vieira.
Nesta sessão, o Banco Central fará leilão de swap tradicional para rolagem de até 12 mil contratos com vencimento em abril e agosto de 2021.
(Atualizada às 10h25)