Dólar recua frente ao real com suspensão do teto da dívida dos EUA e antes de dados de emprego
O dólar caía frente ao real nesta sexta-feira, com investidores reagindo positivamente à aprovação do acordo para suspender o teto da dívida dos Estados Unidos, enquanto digeriam um relatório de emprego do governo norte-americano com sinais mistos.
Às 10:23 (horário de Brasília), o dólar à vista recuava 1,08%, a 4,9526 reais na venda, revertendo seus ganhos na semana e ficando a caminho de queda frente ao fechamento da última sexta-feira.
Na B3, às 10:23 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,33%, a 4,9770 reais.
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Segundo Jefferson Rugik, presidente-executivo da Correparti Corretora, os mercados estão “comemorando” a notícia de que o Senado dos EUA aprovou na quinta-feira a legislação bipartidária defendida pelo presidente Joe Biden que eleva o teto da dívida de 31,4 trilhões de dólares do governo, evitando o que teria sido o primeiro calote da história, com consequências possivelmente catastróficas a nível global.
Enquanto isso, a criação de vagas de emprego nos Estados Unidos superou as expectativas em maio, sinalizando resiliência da economia e do mercado de trabalho. Por outro lado, parte dos investidores argumentava que uma moderação nos salários e um aumento na taxa de desemprego podem permitir que o Federal Reserve pule um aumento da taxa de juros neste mês pela primeira vez desde que iniciou sua agressiva campanha de política monetária, mais de um ano atrás.
“Eu acredito que, depois do dado, deve chegar alguma coisa mais meio a meio; não acho que o mercado vai tomar um cenário de aumento de juros na próxima reunião como majoritário, mas ele certamente vai ganhar probabilidade”, disse Raone Costa, economista-chefe da Alphatree Capital.
“Então acho que a gente vai para, possivelmente, o famoso ponto de máxima entropia, onde o cenário vai ficar bem dividido entre manutenção e aumento da taxa de juros” no encontro do Fed de junho, avaliou ele.
Já Fernando Ferreira, estrategista-chefe da XP, escreveu que veio um “número muito forte de empregos nos EUA (payroll), mas a taxa de desemprego subiu um pouco… mercado subindo, mas pode colocar em cheque a visão de pausa iminente do Fed”.
Quanto mais altos os juros nos Estados Unidos, mais o dólar tende a se beneficiar globalmente do redirecionamento de recursos para o extremamente seguro mercado de renda fixa norte-americano. Da mesma forma, sinais de afrouxamento da política monetária nos EUA tendem a pressionar a divisa dos EUA.
No Brasil, com a taxa Selic em 13,75% ao ano, o real continua oferecendo retornos atraentes para investidores estrangeiros, o que tem sustentado a moeda local.
Alguns operadores também apontavam dados da véspera, que mostraram crescimento bem mais forte do que o esperado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no primeiro trimestre, como outro impulso para o real, uma vez que sinais de resiliência da economia tendem a atrair recursos de fora do país.
(Atualizada às 10:55)