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Dólar sai de picos atingidos após dados de emprego dos EUA, mas mira ganhos na 1ª semana de negócios do ano

07 jan 2022, 9:17 - atualizado em 07 jan 2022, 12:05
Dólar
Às 11:43 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,30%, a 5,6633 reais na venda (Imagem: Pixabay/Engin_Akyurt)

O dólar saiu de máximas acima dos 5,70 reais atingidas mais cedo nesta sexta-feira, com investidores digerindo um relatório de emprego dos Estados Unidos que, embora mais fraco do que o esperado, segue condizente com um mercado de trabalho apertado, reforçando expectativas de aumentos antecipados de juros na maior economia do mundo.

Às 11:43 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,30%, a 5,6633 reais na venda. Na máxima do dia, atingida pouco depois da divulgação dos dados norte-americanos, a divisa foi a 5,7114 reais na venda, alta de 0,55%.

Na B3 (B3SA3), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,37%, a 5,6935 reais.

Com esse desempenho, a moeda spot ficava a caminho de encerrar a semana em alta de 1,6%, depois de ter fechado o último pregão de 2021 em 5,5735 reais na venda.

O Departamento do Trabalho norte-americano informou nesta sexta-feira a criação líquida de 199 mil postos de trabalho fora do setor agrícola dos EUA em dezembro.

Embora a leitura tenha vindo abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters, de abertura de 400 mil empregos, dados de novembro foram revisados para cima, mostrando criação de 249 mil postos de trabalho, em vez dos 210 mil relatados anteriormente.

Além disso, a taxa de desemprego norte-americana caiu para 3,9%, ante 4,2% em novembro.

“Isso já é praticamente abaixo de (uma taxa de desocupação condizente com) pleno emprego; ou seja, é um mercado de trabalho extremamente aquecido, uma recuperação impressionante para os Estados Unidos como um todo”, comentou Gustavo Cruz, economista e estrategista da RB Investimentos.

Ele chamou a atenção para os ganhos médios salariais na maior economia do mundo, que, segundo o relatório desta sexta-feira, subiram 0,6% em dezembro. Isso é um forte argumento a favor de um aumento de juros pelo Federal Reserve, o banco central dos EUA, já em março deste ano, afirmou Cruz.

Na esteira do “payroll”, os futuros dos juros norte-americanos passaram a indicar 90% de chance de um alta nos custos dos empréstimos pelo Fed em sua reunião de março.

Os rendimentos dos títulos norte-americanos de dez anos –considerados os ativos mais seguros do mundo– subiam em meio às perspectivas crescentes de juros mais altos, o que, de acordo com Cruz, ajudaria a explicar a alta do dólar frente ao real vista mais cedo. “Se você tem uma alta na taxa do Treasury de dez anos, ativos de mais risco ficam menos interessantes.”

A expectativa de taxas de empréstimo mais altas nos Estados Unidos já haviam sido impulsionadas mais cedo nesta semana, após a divulgação da ata da última reunião de política monetária do Fed.

O documento revelou maior preocupação com a inflação elevada por parte das autoridades do banco central, que também enxergam condições de aperto no mercado de trabalho, o que justificaria aumento nos custos dos empréstimos antes do esperado e, posteriormente, redução do balanço do banco.

“A ata do Fed para a reunião de dezembro foi ‘hawkish’ (mais dura em relação à inflação) e riscos menores relacionados à variante Ômicron significam que o Fed pode ser ainda mais ‘hawkish’ agora”, disse o Citi em relatório divulgado na madrugada desta sexta-feira (no horário de Brasília).

“Com os rendimentos dos Estados Unidos provavelmente subindo com a aproximação do aumento de juros pelo Fed, esperamos um câmbio de mercados emergentes mais fraco” no início de 2022, acrescentou o credor norte-americano.

No Brasil, entretanto, o real pode “continuar a se beneficiar de um ‘carry’ (taxa de retorno oferecida pela moeda) mais alto na esteira de um ciclo de elevação de juros que foi mais rápido do que a média dos mercados emergentes”, disse o Citi, ainda que riscos como a desaceleração do crescimento e a deterioração fiscal continuem no radar.

A taxa Selic está atualmente em 9,25% ao ano, depois de ser elevada ao longo de 2021 ante uma mínima histórica de 2% atingida durante a pandemia de Covid-19.

A expectativa na mais recente pesquisa semanal Focus, do Banco Central, é de que os juros básicos fechem este ano em 11,50%.