Moedas

Dólar recua ante real em linha com exterior e de olho em negociação de gastos extra-teto

28 nov 2022, 9:24 - atualizado em 28 nov 2022, 10:36
Dólar
Às 10:28 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,54%, a 5,3789 reais na venda (Imagem: REUTERS/Beawiharta)

O dólar recuava frente ao real nesta segunda-feira, acompanhando o exterior em sessão que deve contar com volumes reduzidos devido ao jogo da seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo, com investidores ainda atentos às negociações de gastos extra-teto pelo governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva.

Às 10:28 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,54%, a 5,3789 reais na venda. Como o Brasil enfrenta a Suíça às 13h (de Brasília) na Copa, o volume de negociações tende a ser enxuto, o que pode exacerbar os movimentos da taxa de câmbio, alertaram alguns participantes do mercado.

Na B3, às 10:28 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,55%, a 5,3825 reais.

A baixa da moeda norte-americana frente ao real estava em linha com a queda de 0,7% do índice que compara o dólar a uma cesta de seis pares fortes nesta sessão.

Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, disse à Reuters que o foco dos mercados está em raros protestos acontecendo na China contra a política de Covid-zero imposta pelo governo de Xi Jinping.

Segundo o especialista, investidores estão tentando entender se os protestos levarão a uma flexibilização de restrições sanitárias –o que seria positivo para o sentimento do mercado– ou se sofrerão retaliação mais dura do regime chinês, o que poderia elevar a cautela global.

O foco também ficará sobre o banco central norte-americano ao longo desta semana, com agentes do mercado à espera de uma série de dados econômicos dos Estados Unidos que podem oferecer pistas sobre qual será a magnitude da alta de juros de dezembro do Federal Reserve.

Se as expectativas, atualmente divididas, convergirem para um aumento de 0,50 ponto percentual, a tendência seria de enfraquecimento global do dólar, enquanto projeção de aperto mais intenso, de 0,75 ponto, provavelmente impulsionaria a moeda norte-americano, disse Cruz.

Já no Brasil, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva viajou a Brasília para discutir a PEC da Transição acompanhado de Fernando Haddad, cotado para assumir o Ministério da Fazenda, no momento em que cresce a expectativa sobre o anúncio dos novos ministros.

Investidores têm reagido mal à especulação de que Haddad liderará a pasta econômica de Lula, já que, aos olhos do mercado, ele não tem um perfil muito técnico e provavelmente será inclinado a flexibilizações das regras fiscais do país, como a proposta na chamada PEC da Transição.

O texto, que tem passado por dificuldades na negociação, inicialmente busca permitir despesas de quase 200 bilhões de reais fora do teto de gastos por tempo indeterminado. No entanto, alguns participantes do mercado acreditam que a flexibilização fiscal possa ser enxugada durante tramitação no Congresso.

“Conforme (a proposta) seja desidratada, talvez ganhe força um discurso de que, dos riscos, foi o menor”, avaliou Cruz.

Por outro lado, a Genial Investimentos disse em nota a clientes que, “diante da dificuldade de conseguir votos para aprovar (a PEC) como foi apresentada pela equipe de transição, tem ganhado força entre seus membros a possibilidade de aprovar a proposta via Medida Provisória, sem o apoio de partidos que fizeram parte da chamada ‘frente ampla pela democracia'”.

Isso “isolaria ainda mais o PT no futuro, dificultando a governabilidade”, completou a instituição.

Na última sessão, na sexta-feira, a moeda norte-americana spot saltou 1,84%, a 5,4079 reais, sua maior valorização percentual diária desde o último dia 10 (+4,10%) e o patamar de encerramento mais alto desde 22 de julho passado (5,4976).

(Atualizada às 10:35)

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