Dólar tem viés negativo após dados da China, mas cena local limita perdas
O dólar mostrava viés negativo frente ao real nesta quarta-feira, em meio a clima de forte apetite por risco no exterior após surpresa positiva em dados manufatureiros da China, mas a cena local limitava as perdas, após volta parcial da tributação de combustíveis e críticas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao Banco Central.
Às 9:38 (horário de Brasília), o dólar à vista recuava 0,21%, a 5,2148 reais na venda.
No menor patamar do dia, a divisa norte-americana chegou a cair 0,55%, a 5,1968 reais na venda.
Na B3, às 9:38 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,49%, a 5,2465 reais.
Dados de Índice de Gerentes de Compras (PMI) mostraram nesta quarta-feira que a atividade manufatureira da China expandiu no ritmo mais rápido em mais de uma década em fevereiro, superando expectativas após o fim das severas medidas de isolamento social contra a Covid-19.
Na esteira dos dados, que afastam temores sobre uma recessão global, o índice do dólar contra uma cesta de pares fortes caía cerca de 0,7% nesta manhã.
Ao mesmo tempo, várias divisas de países expostos à demanda da China –como Austrália, África do Sul, México e Chile— avançavam frente à moeda norte-americana, movimento que contaminava o Brasil.
“A notícia (do PMI chinês) é boa tanto para commodities como para países emergentes como o Brasil, os quais contam com a China para compensar a redução de ímpeto da atividade econômica nos desenvolvidos, devido ao aperto monetário”, escreveu Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.
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Apesar do apetite por risco externo, a valorização do real era limitada pela permanência de algum desconforto de investidores com o cenário doméstico, mesmo depois que o governo anunciou na véspera uma reoneração de gasolina e etanol.
A volta dos tributos, embora fosse vista como uma vitória de Haddad em seu esforço para reduzir o déficit fiscal do ano, desagradou alguns participantes do mercado por ser apenas parcial nos primeiros quatro meses, sendo compensada por uma taxação das exportações de petróleo e redução nos preços da gasolina e do diesel pela Petrobras.
Segundo agentes financeiros, Haddad também impactou negativamente o sentimento local ao dizer na véspera que o Banco Central deveria reagir às recentes medidas fiscais com cortes de juros, reforçando críticas do governo de Luiz Inácio Lula da Silva ao patamar da taxa Selic, atualmente em 13,75%.
No mês passado, o dólar saltou quase 3% frente ao real, em parte impulsionado pelos ataques da atual gestão à condução da política monetária.
Vieira, da Infinity, disse que apenas a reoneração de combustíveis não é suficiente para compensar a ausência de um arcabouço fiscal, e acrescentou que “resta agora aguardar os próximos movimentos do governo e os planos fiscais, pois a elevação de impostos neste momento foi de suma importância para não contaminar as expectativas de inflação”.
Haddad deve apresentar neste mês o plano de uma nova estrutura para as contas públicas.
(Atualizada às 10:14)