Dólar recua ante real com manutenção de bom humor no exterior
O dólar caía frente ao real nesta terça-feira em meio a apetite por risco no exterior, ainda que possivelmente passageiro, enquanto, na cena doméstica, investidores monitoravam pesquisas de intenção de voto antes do segundo turno das eleições presidenciais.
Às 10:05 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,79%, a 5,2596 reais na venda.
Na B3, às 10:05 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,49%, a 5,2720 reais.
Os ganhos do real nesta manhã estavam alinhados ao avanço de várias moedas de países emergentes ou sensíveis às commodities, como peso chileno, rand sul-africano e dólar australiano, que subiam de 0,2% a 0,75%.
Um índice que mede o dólar frente a uma cesta de rivais fortes oscilava entre estabilidade e leve queda, enquanto as ações europeias e os futuros dos principais índices de Wall Street tinham alta acentuada, sinal de apetite por risco global.
O departamento de pesquisas e estudos econômicos do Bradesco destacou em relatório desta manhã a reação positiva dos mercados externos ao alívio das tensões fiscais no Reino Unido.
O novo ministro das Finanças britânico, Jeremy Hunt, descartou na segunda-feira o plano econômico da primeira-ministra Liz Truss, que vinha provocando ondas de estresse no mercado de títulos britânicos desde o final de setembro, uma vez que previa grandes cortes de impostos sem compensação por parte do governo.
O Citi disse em relatório desta terça-feira que vê um “início mais calmo para a semana”, mas alertou que o quadro geral não parece ter mudado significamente e segue apontando para um dólar globalmente mais robusto, uma vez que o banco central dos Estados Unidos não ofereceu qualquer sinal de alteração em sua trajetória agressiva de aperto monetário.
O Federal Reserve já subiu os juros norte-americanos em 3 pontos percentuais desde março deste ano de forma a controlar uma inflação persistentemente alta, e contratos futuros vinculados a sua taxa básica embutem nova alta de 0,75 ponto percentual, pelo menos, em sua reunião de política monetária de novembro.
Quanto mais altos os custos dos empréstimos dos EUA, mais o dólar tende a se beneficiar globalmente, conforme o mercado de dívida norte-americano começa a oferecer rendimentos maiores a risco quase zero, atraindo capital estrangeiro.
No Brasil, no entanto, especialistas apontavam fatores domésticos como pontos de apoio para o real, em meio ao patamar elevado da taxa Selic, atualmente em 13,75%, e à resiliência de dados econômicos recentes.
Ainda na cena local, investidores digeriam pesquisa Ipec da véspera, que mostrou pequenas variações nas intenções de voto tanto para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que registra agora 50%, quanto para o candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), com 43%.
Nesta terça o Ipespe anunciará os resultados de sua sondagem mais recente sobre a disputa presidencial, que deve ser avaliada de perto por participantes do mercado à medida que o segundo turno do pleito presidencial do final deste mês se aproxima.
(Atualizada às 10:22)