Dólar amplia perdas e vai abaixo de R$ 5,00 após dados de emprego dos EUA
O dólar ampliava suas perdas em relação à moeda brasileira nesta sexta-feira, chegando a ser negociado abaixo do patamar psicológico de 5 reais após dados de emprego dos Estados Unidos elevarem as apostas de manutenção da postura expansionista do Federal Reserve, por ora.
O Departamento de Trabalho norte-americano informou nesta manhã que foram criadas 850 mil vagas de trabalho fora do setor agrícola no mês passado, resultado acima da expectativa dos mercados, mas a taxa de desemprego teve alta inesperada para 5,9%.
Economistas consultados pela Reuters previam a abertura de 700 mil vagas de trabalho no mês passado e uma queda da taxa de desemprego para 5,7%.
Às 10:20, após a divulgação dos dados, o dólar recuava 1,04%, a 4,9920 reais na venda, e chegou a tocar 4,9882 reais na mínima intradiária.
O contrato mais líquido de dólar futuro caía 1,17%, a 5,005 reais.
“A criação de vagas veio bem acima do esperado, só que alguns outros pontos, como a taxa de desemprego e o salário médio dos trabalhadores, deixam o banco central norte-americano um pouco mais tranquilo” em relação a seu cronograma de política monetária, disse à Reuters Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos.
“O (chair do Fed, Jerome) Powell já tinha dito que o mercado de trabalho dos EUA não havia se recuperado ainda. Esse ‘payroll’ apoia sua visão e dá argumentos para a autoridade monetária manter seu programa de estímulo, o que dá um suspiro de alívio para os investidores”, explicou, chamando a atenção para o bom desempenho dos ativos de risco no exterior.
No mês passado, após a última reunião de política monetária do Fed, Powell reafirmou a intenção do banco central de encorajar uma recuperação “ampla e inclusiva” do mercado de trabalho norte-americano e de não elevar as taxas de juros muito rapidamente com base apenas no receio da inflação.
O índice do dólar contra uma cesta de pares fortes passava a cair após a divulgação dos números de emprego. Rand sul-africano, peso mexicano e peso chileno, três pares importantes do real, trabalhavam com ganhos expressivos no dia.
A perspectiva que o Fed não elevará os juros tão cedo tende a favorecer divisas de países emergentes ou ligadas a commodities, uma vez que os investidores vão buscar retornos maiores fora dos mercados norte-americanos.
No Brasil, a perspectiva de um ciclo de aperto monetário mais agressivo pelo Banco Central tem dado suporte adicional ao real, apesar dos ruídos políticos em torno da CPI da Covid-19 no Senado e da aproximação do ano eleitoral de 2022.
O dólar negociado no mercado interbancário fechou o último pregão em alta de 1,37%, a 5,0447 reais na venda, valorização mais forte desde 21 de maio (+1,51%).
(Atualizada às 10h38)