Dólar vai a R$ 5,59 depois de intenso vaivém com Trump e Renda Cidadã na berlinda
O dólar caía contra o real nesta quarta-feira, refletindo uma recuperação no sentimento global à medida que os investidores digeriam a decisão do presidente norte-americano, Donald Trump, de suspender as negociações por mais estímulo fiscal.
A medida de Trump foi anunciada na véspera, no Twitter, interrompendo as conversações com os parlamentares democratas para até depois das eleições norte-americanas, mesmo com os casos de Covid-19 aumentando em grande parte dos Estados Unidos.
Embora a reação inicial dos investidores globais tenha sido de busca pela segurança, levando o dólar a fechar em alta contra o real na terça-feira, o sentimento apresentava melhora nesta manhã com uma proposta alternativa de estímulo a empresas por parte de Trump.
O presidente dos EUA pediu aos parlamentares que estendessem 25 bilhões de dólares em mais assistência a salários para companhias aéreas de passageiros norte-americanas.
Às 12:36 (horário de Brasília), o dólar (USDBRL) avança 0,05%, a 5,5956 reais na venda, enquanto o contrato mais líquido de dólar futuro caía 0,32%, a 5,580 reais.
Na última sessão, o dólar à vista havia registrado salto de 0,54%, a 5,5979 reais na venda.
“O mercado entrou em pânico ontem e hoje está se recuperando um pouco”, disse à Reuters Daniel Herrera, analista da Toro Investimentos. “(Os investidores) parecem ter aceitado bem as novas medidas de estímulo que Trump apresentou, apesar de ele ter chutado” a proposta que estava sendo negociada com parlamentares democratas.
Nesta segunda-feira, peso mexicano, rand sul-africano e dólar australiano, divisas arriscadas cujo movimento o real tende a acompanhar, operavam em alta contra a moeda norte-americana.
Enquanto isso, no Brasil, o foco continuava sendo a agenda fiscal e o novo programa de transferência de renda que pode se implantado no ano que vem, ainda sem definição.
Apesar de declarações recentes de membros do governo sobre a importância do teto de gastos, “o sentimento ainda é ruim”, disse Daniel Herrera. “Declarações por declarações não resolvem muita coisa; temos que ver como o governo vai implementar o Renda Cidadã e de onde vai tirar esse dinheiro.”
Em 2020, o dólar acumula salto de cerca de 39% contra o real, impulsionado por um cenário doméstico de juros baixos e incertezas fiscais, econômicas e políticas.
Dúvidas sobre a posição do ministro da Economia, Paulo Guedes, dentro da gestão Bolsonaro também têm sido apontadas como um fator entre os motores dos mercados domésticos.
“Na minha opinião, hoje parece que Guedes deixou de ser aquele super-ministro para servir como algo mais acessório”, disse Herrera. “Parece que ele serve para acalmar os mercados, mas tem cada vez menos poder.”
O Banco Central fará nesta quarta-feira leilão de swap tradicional para rolagem de até 10 mil contratos com vencimento em março e julho de 2021.