Dólar recua 0,61% e fecha a R$ 5,04 enquanto mercado aguarda Copom
O dólar (USDBRL) recuou frente ao real nesta sessão, com toda a atenção dos participantes do mercado voltada para as decisões de política monetária do Brasil e dos Estados Unidos, que serão anunciadas na quarta-feira.
O dólar à vista teve queda de 0,61%, a 5,0414 reais na venda.
Nas primeiras horas de pregão desta terça-feira, a moeda norte-americana havia tocado 5,1060 reais na máxima intradiária, alta de 0,66%. Jefferson Rugik, da Correparti Corretora, escreveu que a movimentação foi resultado de cautela dos investidores na parte da manhã, logo compensada por um fluxo de entrada de recursos que ajudou o dólar a tocar 5,382 reais na mínima da sessão, queda de 0,67%.
Dominando o foco dos mercados, o Federal Reserve e o Banco Central do Brasil deram início a seus respectivos encontros de política monetária nesta terça e anunciarão suas decisões no dia seguinte, na chamada “super quarta”.
Nos Estados Unidos, a maior parte dos investidores aposta que as prováveis pressões inflacionárias “transitórias” vão evitar que o Fed sinalize uma mudança imediata na política monetária, mas algumas autoridades do banco central norte-americano já começaram a reconhecer que estão mais próximos de um debate sobre quando retirar parte de seu estímulo.
Enquanto isso, no Brasil, uma pesquisa da Reuters com economistas mostrou que Banco Central provavelmente anunciará o terceiro aumento consecutivo de 0,75 ponto percentual na taxa Selic ao final de sua reunião, e possivelmente vai indicar um ciclo mais agressivo à frente ao abandonar seu compromisso com uma “normalização parcial” da política monetária.
Sidnei Nehme, economista e diretor-executivo da NGO Corretora disse em nota que o “correto equacionamento da relação câmbio/juros” pode ser um fator que levará o dólar a romper o patamar psicológico de 5 reais.
“Temos a convicção de que o dólar ficará entre R$4,60/4,80, ou até menos, se o investidor estrangeiro, em especial o especulativo, vier fazer ‘carry trade’ no nosso mercado, aproveitando a alta do juro”, explicou.
O “carry trade” é uma estratégia que consiste na tomada de empréstimos em moeda de país de juro baixo (iene japonês, por exemplo) e compra de contratos futuros da divisa de juro maior (como o real). O investidor, assim, ganha com a diferença de taxas.
Além da perspectiva de aumento de juros no cenário doméstico, vários analistas têm citado dados promissores sobre a atividade econômica como um fator de impulso para a moeda brasileira, principalmente devido ao alívio de preocupações sobre a relação dívida/PIB.
“A expectativa de aumento na relação dívida/PIB foi revertida (…), o que diminuiu o risco fiscal e acelerou o processo de valorização do real”, disseram analistas da Genial Investimentos em nota. “A menos que o Fed decida começar a reduzir as compras de ativos financeiros no mercado antes do esperado, o que parece pouco provável, a valorização do real deverá persistir.”
O dólar acumula queda de 2,89% contra o real até agora em 2021.