Dólar perde força ante o real e caminha para 2ª semana de queda
O dólar apagou alta vista mais cedo e alternava na tarde desta sexta-feira certa estabilidade e leve recuo ante o real, ainda surfando cenário mais positivo que ajudou a divisa brasileira a avançar 3% nos últimos três pregões.
Às 15:28 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,10%, a 5,0951 reais na venda. Na semana, caminhava para sua segunda semana seguida de queda, com declínio de 2,8%.
Na B3, às 15:28 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,33%, a 5,1135 reais.
O real caiu quase 1% pela manhã, refletindo correção após três quedas seguidas, bem como uma valorização do dólar frente às principais moedas e indicador doméstico de atividade econômica abaixo do esperado.
No entanto, recuperou terreno próximo ao horário do almoço, em movimento que ocorreu junto com a redução dos ganhos da moeda norte-americana no exterior.
Uma leitura de inflação dos Estados Unidos abaixo do esperado pelo mercado impulsionou o real e outras moedas frente ao dólar na quinta-feira, uma vez que reforçou apostas dos investidores de uma redução no ritmo de alta de juros pelo Federal Reserve. Tradicionalmente, a perspectiva de menor aperto monetário tira força da divisa norte-americana.
“Não é um excelente humor externo (nesta sessão), mas tem trazido uma tranquilidade para o mercado internacional”, disse Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da corretora Treviso, à Reuters.
Ele acrescentou que uma visão positiva ao pacote de medidas econômicas anunciado na véspera pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também pode estar ajudando o real nesta sessão, ainda que os agentes financeiros ponderem sobre como seria sua execução.
O plano, que inclui reduções de débitos tributários no Carf (Conselho de Administração de Recursos Fiscais) e reoneração de combustíveis, pode levar a ajuste de até 242,7 bilhões de reais na contas em 2023. Haddad projetou déficit de 0,5% a 1% do PIB para o resultado primário do governo central, em cálculo que já considera a chance de algumas pautas não andarem.
“O governo parece interessado em limitar o aumento projetado do déficit orçamentário em 2023”, escreveu a equipe do Goldman Sachs liderada por Alberto Ramos. “Isso é positivo, mas as autoridades continuam a mostrar alguma relutância em adotar cortes permanentes significativos nos gastos correntes e reconhecer abertamente a necessidade de alcançar um superávit fiscal primário de cerca de 2% do PIB para estabilizar a dinâmica da dívida pública”, acrescentaram.