Dólar oscila ante real de olho em fraqueza da moeda no exterior; política monetária domina foco
O dólar perdia algum terreno contra o real nesta quarta-feira, embora tenha mostrado instabilidade ao longo das primeiras negociações, de olho na fraqueza da moeda norte-americana no exterior à medida que os rendimentos dos títulos soberanos dos Estados Unidos pausavam um rali recente.
As condutas de política monetária de Brasil e Estados Unidos continuavam no centro das atenções e tendem a manter o ambiente doméstico volátil, disse à Reuters Fernando Bergallo, diretor de operações da assessoria de câmbio FB Capital, à medida que os mercados tentam avaliar “qual banco central vai pesar mais a mão no (aumento dos) juros”.
Às 10:43 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,54%, a 4,6414 reais na venda. A moeda mudou de sinal várias vezes ao longo da primeira hora de pregão, tendo chegado a 4,6811 reais na máxima (+0,31%). Bergallo afirmou que essa instabilidade pode estar associada a alguma cautela antes do feriado de quinta-feira, que manterá os mercados locais fechados.
Na B3, às 10:43 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,61%, a 4,6530 reais.
Bergallo disse que, por trás dos recentes movimentos do dólar, “o mercado ainda está buscando entender qual será o futuro diferencial de juros” entre o Brasil e a maior economia do mundo, levando em consideração que, quanto mais ampla essa lacuna, mais a divisa doméstica tende a se beneficiar.
Isso porque o real ficaria mais atraente para uso em estratégias de tomada de empréstimo em país de juro baixo – como os EUA – e aplicação desses recursos em mercados mais rentáveis.
Embora a Selic – atualmente em 11,75% – seja uma das taxas de juros nominais mais altas do mundo, há grandes expectativas de endurecimento do ciclo de aumento de juros iniciado no mês passado nos Estados Unidos.
O dólar recuava contra a maioria das principais moedas globais nesta quarta-feira, com seu índice frente a uma cesta de rivais de países ricos perdendo 0,5%, mas ainda perto de máximas em dois anos. A moeda tem sido impulsionada por um rali nos rendimentos dos Treasuries, que fazia uma pausa nesta quarta-feira.
Mais cedo na sessão, os rendimentos reais – ajustados pela inflação – dos EUA testaram níveis positivos pelo segundo dia consecutivo, antes de arrefecerem.
Apesar do recuo dos rendimentos, que derrubava a moeda norte-americana globalmente no dia, alguns dos principais pares emergentes do real tinham desempenho fraco, com o peso chileno rondando a estabilidade frente ao dólar, enquanto rand sul-africano, peso mexicano e sol peruano operavam no vermelho.
Investidores digeriam a notícia de que a China manteve suas taxas de empréstimo inalteradas, em movimento que pegou muitos de surpresa, com os mercados avaliando a decisão como cautela de Pequim para adotar mais medidas de afrouxamento.
A China é importante parceira comercial de muitos países em desenvolvimento, especialmente os da América do Sul e Central, que vendem grandes quantidades de matérias-primas, petróleo e metais industriais à segunda maior economia do mundo, de forma que investidores regionais devem acompanhar atentamente quaisquer indicações sobre a adoção de estímulos por lá.
Enquanto isso, no Brasil, investidores monitoravam com cautela o noticiário fiscal, em meio à pressão de servidores por reajustes salariais. Na véspera, funcionários do Banco Central aprovaram a suspensão de uma greve deflagrada no início do mês, mas continuarão trabalhando em regime de operação padrão, com paralisações parciais diárias.
A moeda norte-americana spot fechou a última sessão em alta de 0,36%, a 4,6667 reais na venda.
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