Dólar na zona atual vai para a conta de quem não antecipou insumos do milho e cana
O impacto que a alta atual do dólar pode carregar nas compras de insumos agrícolas com matérias-primas importadas não é algo está no radar no curto prazo. Mas deve estar sendo monitorado por aqueles que em culturas como milho e cana ainda não fecharam todas as compras.
A soja verão está toda plantada e para o milho safrinha, plantado a partir de fevereiro ou março (nas regiões que perderão a melhor janela de plantio por conta do atraso da soja), a situação também está um pouco mais tranquila.
Vlamir Brandalizze, analista da Brandalizze Consulting, acredita que para o cereal que entrará depois da oleaginosa, os fertilizantes e agroquímicos já foram liquidados antecipadamente à base do câmbio a R$ 3,70, aproximadamente.
Nem todos concordam. Gustavo Chavaglia, presidente da Aprosoja SP, e também produtor de cana no Norte do estado, pensa que metade dos produtores se anteciparam, mas ainda há necessidade de muita aquisição de “adubos de cobertura do milho”.
“Pode ter algum impacto, sim”, avisa.
Nesta quinta (28), o real vai se fortalecendo, a R$ 4,217 por volta da 17hs.
Na cana de açúcar, que o produtor também vê ainda muita intenção de compra, o perfil de cultura semi-perene, de ciclo mais longo, mostra que para a planta precoce, de início de safra (a partir de abril), os produtores já estão preparados.
Mas, segundo Miguel Tranin, presidente da Alcopar (usinas do Paraná), para a cana de meio de safra e de fim de safra as compras costumam ser mais tarde.
E lembrando, ainda, que após a aprovação da Previdência, poucos apostavam numa alta tão expressiva da moeda, apostavam no R$ 3,80 no máximo salienta Chavaglia, e talvez tenha ajudado a certo acomodamento.
“Quem não comprou e o dólar ficar acima de R$ 4,00, R$ 4,10, em algum momento terá que se decidir”, explica ele.
Mais ainda que o próprio ministro Paulo Guedes já disse que o Brasil terá que se acostumar com a divisa americana mais alta, no contrapé da taxa Selic em queda.
E, portanto, se a demanda pelas commodities ou seus derivados (como o etanol, da cana) continuar firme, sempre poderá ser um atenuante.