7 fatos que levaram o dólar de R$ 5,70 às mínimas em dois anos
O noticiário doméstico e global foi bastante carregado em 2022 e interferiu diretamente na cotação do dólar. Não apenas na cotação, como também na volatilidade, o que fez a moeda norte-americana oscilar R$ 1,08 no ano.
O dólar abriu o ano chutando a porta ao chegar no patamar de R$ 5,70 logo no terceiro pregão de 2022. Era só o começo de um período que prometia ser agitado com as eleições no Brasil.
O baque da guerra e Brasil atrativo
Antes do início da corrida eleitoral, porém, o exterior chacoalhou os mercados com a invasão da Rússia ao território da Ucrânia. O início de uma guerra foi o suficiente para abalar as moedas.
Porém, depois disso, o cenário doméstico se acalmou e, em meio à elevação de juros antecipada no Brasil, houve uma forte entrada de investidores estrangeiros no Brasil, o que levou a moeda americana às mínimas em mais de dois anos, ao chegar a R$ 4,62.
Entretanto, esse patamar tão baixo do dólar não se sustentou por muito tempo com o início do ciclo global de alta de juros.
Dólar sente disparada de juros nos EUA
No exterior, a pressão no dólar aumentou à medida que surgiam sinais de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) iria aumentar mais e mais a taxa de juros. Em julho, veio um grande abalo ao dólar quando a autoridade monetária aumentou os juros de uma só vez em 0,75 ponto percentual (p.p.).
A moeda ganhou tração e chegou a R$ 5,50 frente ao real, enquanto lá fora, houve um forte estresse que fez a divisa estrangeira atingir o maior pico em 20 anos ante aos seus pares. O Dollar Index – índice que mede a força do dólar ante uma cesta de moedas -, atingiu os 114 pontos no segundo semestre, maior patamar desde janeiro de 2002.
Euro perde a histórica paridade para o dólar
Esse fortalecimento global do dólar fez com que o euro perdesse a paridade com a moeda dos Estados Unidos. Em agosto, a divisa da Europa ficou abaixo de US$ 1, permanecendo até novembro.
A libra esterlina também acompanhou o movimento e ficou um bom tempo desvalorizada ante a moeda americana. A divisa do Reino Unido não chegou a perder a paridade, mas ficou perto disso quando bateu 1,05 libra ante o dólar.
Eleições, Lula eleito e lua de mel
Perto da votação em primeiro turno das eleições, o mercado doméstico passou a precificar as incertezas em relação aos candidatos que lideravam as pesquisas. De um lado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de outro, o presidente Jair Bolsonaro que tentava a reeleição.
O petista liderou praticamente todas as pesquisas de intenção de votos, seguido de Bolsonaro. Com o resultado praticamente dado na primeira etapa de votação, investidores locais passaram a focar no segundo turno e, à medida que a disputa entre Lula e Bolsonaro se aproximava, a moeda exibia maior volatilidade.
Lula venceu as eleições presidenciais pela terceira vez, o que resultou na entrada de um forte fluxo de investidores estrangeiros para a bolsa brasileira. Com a moeda perto de R$ 5, o petista e o mercado tiveram dias de lua de mel. Mas o céu de brigadeiro durou pouco.
Haddad interrompeu queda do dólar
Os rumores de que o ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, poderia ser ministro da Fazenda azedou o mercado, gerando um forte estresse nos ativos domésticos.
Sobretudo, na curva de juros futuros, à medida que novos nomes iam surgindo e se confirmando para compor a equipe de Lula a partir de 1º de janeiro. Nomes que não agradaram ao mercado.
Os avanços da discussão em torno da PEC da Transição, que promete um grande rombo nas contas públicas e elevando os riscos fiscais, também fez preço na reta final do ano e provocou bastante volatilidade no movimento da moeda.
Em um ano tão cheio de eventos, o dólar caminha para fechar o ano em queda frente ao real.