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O céu é o limite: Dólar à vista renova máxima pela terceira vez consecutiva, a R$ 5,70

02 jul 2024, 12:13 - atualizado em 02 jul 2024, 17:19
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Campos Neto disse que fazer intervenção no câmbio teria pouca funcionalidade no cenário atual. (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

O teste de fogo parece não ter fim. Pela terceira vez consecutiva, o dólar à vista (USDBRL) renovou a máxima do ano nesta terça-feira (02). 

Por volta de 15h30 (horário de Brasília), a moeda norte-americana registrou alta a R$ 5,7009, com avanço de 0,84% no mercado à vista. A moeda norte-americana encerrou o dia a R$ 5,6648 (+0,20%).

E, mais uma vez, o cenário fiscal e a política monetária concentram as atenções dos investidores — e a cautela enfraquece o real — com novas declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O chefe do executivo disse que a recente alta do dólar preocupa e que é preciso “fazer alguma coisa” para contê-la, em entrevista à Rádio Sociedade, em Salvador. “Obviamente que me preocupa essa subida do dólar. É uma especulação, há um jogo de interesses especulativos contra o real nesse país”, afirmou.

O presidente, porém, evitou detalhar qual medida será tomada “porque senão estarei alertando meus adversários”. As críticas recentes do presidente Lula ao Banco Central têm gerado desconforto e insegurança no câmbio e nos juros.

Durante as declarações de Lula, as taxas de Depósitos Interfinanceiros (DIs) foram às máximas, dando continuidade ao movimento mais recente de elevação de prêmios no Brasil em razão de fatores como o risco fiscal, na contramão do exterior — já que os rendimentos (yields) dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, os Treasuries, caem desde o início das negociações.

A alta do dólar também tem contribuição de do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que fez novas declarações, em evento do Banco Central Europeu (BCE), realizado em Lisboa.

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O que disse Campos Neto

Ao lado do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, e da presidente do BCE, Christine Lagarde, Campos Neto disse que o risco de liquidez, em um cenário de juros e endividamento altos no mundo, é maior do que o precificado pelo mercado. 

Além disso, ele afirmou que Banco Central tem que ficar fora da “arena política”, argumentando que o tempo mostrará que o trabalho da autoridade monetária é técnico.

O presidente do BC disse que se observa nas últimas semanas um prêmio de risco elevado no Brasil, com incertezas relacionadas ao que acontecerá quando a autoridade monetária tiver um novo comando.

Ele ainda afirmou que a última decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), de manter a taxa básica Selic em 10,50% ao ano, foi unânime, com apoio de quatro indicados pelo atual governo, entendendo o que seria melhor para o país.

Para ele, cujo mandato no comando do BC se encerra em dezembro, o prêmio de risco relacionado ao tema tende a cair com o tempo.

Alta do dólar: o problema é a comunicação, diz Haddad

A jornalistas, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a alta do dólar é um ‘problema de comunicação’

“Eu acredito que o melhor é fazer [para conter o movimento de alta do dólar] é acertar a comunicação tanto em relação à autonomia do Banco Central quanto ao arcabouço fiscal. Não vejo nada fora disso”, disse Haddad nesta manhã (2), em Brasília.

“A comunicação sobre a autonomia do BC e a rigidez do arcabouço é o que vai tranquilizar as pessoas. O problema é mais de comunicação do que qualquer outra coisa”, afirmou o ministro.

*Com informações de Reuters