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Mais uma vez: Falas de Lula e cenário fiscal faz dólar bater novo recorde e encosta em R$ 5,60

28 jun 2024, 11:28 - atualizado em 28 jun 2024, 17:49

dólar(Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

O alívio durou pouco. O dólar à vista (USDBRL) voltou a disparar nas primeiras horas desta sexta-feira (28) — e mais uma vez com o cenário fiscal no centro das atenções dos investidores. 

Por volta de 15h50 (horário de Brasília), a moeda norte-americana atingiu a cotação de R$ 5,5910 no mercado à vista, com alta de 1,52%.  Esse é o maior nível desde 12 de janeiro de 2022, quando a moeda atingiu R$ 5,6007 durante o dia. Acompanhe o Tempo Real.  

O dólar fechou a sessão a R$ 5,5883, com alta de 1,47%, no mercado à vista.

O movimento seguiu, mais uma vez, na contramão do exterior. O indicador DXY, que compara a divisa dos Estados Unidos com uma cesta de seis moedas fortes, opera em leve queda de 0,03% em reação aos dados de inflação na maior economia do mundo — que vieram em linha com o esperado para maio.

Vale lembrar que ontem (27), o dólar fechou em queda, a R$ 5,5075, pela primeira vez após dez sessões consecutivas de alta.

No acumulado de junho, a moeda tem valorização de mais de 6% e, no ano, de cerca de 15%.

O que impulsiona o dólar hoje?

A força do dólar ante o real nos últimos dias tem um único motivo: as preocupações sobre o cenário fiscal brasileiro.

A dívida bruta do Brasil subiu mais do que o esperado em maio, enquanto o setor público consolidado apresentou déficit primário maior que a expectativa, de acordo com dados divulgados pelo Banco Central nesta sexta-feira (28).

A dívida pública bruta do país em relação ao do PIB fechou maio em 76,8%, contra 76,3% no mês anterior. Já a dívida líquida foi a 62,2%, de 61,5%. As expectativas em pesquisa da Reuters eram de 76,4% para a dívida bruta e de 61,9% para a líquida.

O setor público consolidado (governo central, Estados, municípios e estatais, com exceção de Petrobras e Eletrobras) teve déficit primário de R$ 63,895 bilhões em maio, após superávit de R$ 6,688 bilhões em abril. Os economistas consultados pela Reuters projetavam um saldo negativo de R$ 58,0 bilhões de reais.

Esse foi o pior desempenho das contas públicas para o mês desde 2020, quando o resultado foi de rombo de R$ 131,4 bilhões. Em maio de 2023, houve déficit primário de R$ 50,172 bilhões.

O resultado primário reflete a diferença entre receitas e despesas do setor público, antes do pagamento dos juros da dívida pública.

Além disso, a taxa de desemprego  no Brasil caiu mais do que o esperado no trimestre até maio, chegando ao patamar mais baixo para o período em 10 anos, com o menor número de pessoas que buscavam uma ocupação desde 2015 e novo aumento da renda.

A taxa ficou em 7,1% no trimestre encerrado em maio, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado ficou abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de 7,3%.

“Esse cenário (de aumento da renda), em conjunto com o desemprego baixo, tem contribuído para uma massa de rendimentos que segue batendo recordes. Pensando agora nas suas implicações para o cenário de médio prazo, a dinâmica inflacionária traz alguma preocupação, sobretudo com a nova regra do salário mínimo”, alerta Igor Cadilhac, economista do PicPay.

Lula, mais uma vez

O avanço do dólar hoje também imprime novas declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O chefe do Executivo voltou a criticar o Banco Central e seu presidente, Roberto Campos Neto.

Em entrevista à rádio FM O Tempo, de Minas Gerais, ele afirmou que o atual patamar da taxa básica Selic, de 10,50% ao ano, é “irreal” diante de uma inflação que está controlada.

Ele também cobrou providências do BC sobre a taxa de câmbio.

“Por que o dólar está subindo? Porque tem especulação com derivativos na perspectiva de valorizar o dólar e desvalorizar o real. E o Banco Central tem a obrigação de investigar isso”, disse Lula.

Porém, ontem (27), Campos Neto havia afirmou que pronunciamentos recentes feitos por Lula têm impactado negativamente os preços de mercado. O presidente do BC também disse que fazer intervenção no câmbio teria pouca funcionalidade no cenário atual.

“Como a gente trata o câmbio como flutuante, entendemos que atuação tem que ser causada por alguma disfuncionalidade pontual, não fazemos intervenção mirando nenhum tipo de nível”, afirmou durante entrevista coletiva sobre o Relatório Trimestral de Inflação (RTI).

*Com informações de Reuters 

Jornalista formada pela PUC-SP. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
Jornalista formada pela PUC-SP. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
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