Dólar tem forte baixa e fecha a R$ 6,12 após novos leilões do Banco Central e aprovação do pacote fiscal
O dólar à vista (USDBRL) alcançou a cotação de R$ 6,30 e renovou o recorde intradia histórico nas primeiras horas do pregão desta quinta-feira (19), mas a moeda perdeu força após novos dois leilões do Banco Central e fechou em queda.
Na comparação com o real, a moeda norte-americana encerrou as negociações a R$ 6,1237 (-2,27%).
O desempenho destoou da tendência vista no exterior. O indicador DXY, que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, subiu aproximadamente 0,36%, aos 108.389 pontos.
O que mexeu com o dólar hoje?
No cenário doméstico, as atenções dos investidores seguiram concentradas na tramitação do pacote fiscal.
A Câmara dos Deputados aprovou, em primeiro turno, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) editada para diminuir a despesa obrigatória do governo federal, restando agora pendente a análise em segundo turno para que a matéria possa seguir ao Senado. Caso aprovada pelo senadores sem alterações, a proposta vai à sanção presidencial.
Além disso, o Banco Central fez dois novos leilões. No primeiro deles, realizado pela manhã, o BC injetou US$ 3 bilhões à vista — que não foi suficiente para conter a disparada. Minutos após, o dólar bateu R$ 6,30.
Depois, a autoridade monetária realizou uma nova intervenção com a venda de mais US$ 5 bilhões à vista – o que fez a moeda voltar a perder força ante o real.
Desde o dia 12 de dezembro, a autoridade monetária injetou mais de US$ 20,75 bilhões, em uma série de intervenções no câmbio, incluindo vendas à vista e leilões de linha (dólares com compromisso de recompra).
Em entrevista coletiva sobre o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que a autoridade monetária seguirá atuando no câmbio a depender do fluxo de saída.
“Entendemos que nesse momento, com as fragilidades que existem e com o fluxo [de saída], que é muito acima da média, o Banco Central precisa atuar na forma como está atuando”, disse Campos Neto.
“Temos uma percepção de que um pedaço do fluxo vem até sexta-feira, até semana que vem, porque a gente tem uma semana de Natal e Ano Novo, onde você tem um volume menor de operações”, acrescentou.
Segundo ele, as intervenções fora para lidar com disfuncionalidades do mercado, e não fazer frente a pioras em prêmios de risco, gerir dívida ou fazer política monetária.
Já o diretor de Política Monetária e próximo presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, disse não ver um ataque especulativo como justificativa para a alta do dólar nos últimos dias.
No exterior, os investidores reagiram a novos dados norte-americanos.
Entre eles, o número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego caiu mais do que o esperado na semana passada, o que é consistente com um arrefecimento gradual das condições do mercado de trabalho.
Os pedidos iniciais de auxílio-desemprego caíram em 22.000, para 220.000 em dado com ajuste sazonal, na semana encerrada em 14 de dezembro, informou o Departamento do Trabalho nesta quinta-feira. Economistas consultados pela Reuters previam 230.000 pedidos para a última semana.