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Dólar se afasta dos recordes e cai a R$ 6,04 com Lula e tramitação do pacote fiscal no Congresso

10 dez 2024, 17:07 - atualizado em 10 dez 2024, 17:29
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O dólar à vista perdeu força ante o real com negociações do governo sobre emendas parlamentares e pacote fiscal (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

Nesta terça-feira (10), o dólar à vista (USDBRL) seguiu cotado acima de R$ 6, mas se afastou dos recordes com os investidores dividindo as atenções entre o quadro de saúde do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pode desacelerar a tramitação do pacote fiscal no Congresso, e a reação à inflação de novembro.

Hoje também foi o primeiro dia de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, o último encontro sob a presidência de Roberto Campos Neto.

Na comparação com o real, a divisa norte-americana encerrou as negociações a R$ 6,0480 (-0,57%). Na véspera, a moeda alcançou o maior nominal de fechamento da história, a R$ 6,0829. 



O desempenho destoou da tendência vista no exterior. O indicador DXY, que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, subiu aproximadamente 0,26%, aos 106,404 pontos.

O que mexeu com o dólar hoje?

No cenário doméstico, o dólar à vista perdeu força com rumores de que o governo federal deve liberar R$ 6,4 bilhões em emendas a parlamentares — o que levaria a um potencial avanço de pautas no Congresso, como o pacote fiscal.

O mercado também monitorou o efeito do quadro de saúde do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a tramitação das medidas.

O chefe do Executivo passou por uma cirurgia de emergência após sentir fortes dores de cabeças na noite de segunda-feira (9) e segue internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no hospital Sírio Libanês, em São Paulo. O quadro de saúde é estável.

A jornalistas, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que o fato de o presidente estar hospitalizado não impede a aprovação do pacote fiscal pelo Congresso Nacional ainda este ano.

Padilha contou que antes de ir ao hospital, Lula ouviu dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o compromisso de votar as medidas que reforçam o marco fiscal ainda este ano, em uma reunião no Palácio do Planalto.

Em segundo plano, o mercado reagiu ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país. O índice subiu 0,39% em novembro — apontando para uma desaceleração em relação à alta de 0,56% apurada em outubro. O resultado ficou levemente acima do esperado pelo mercado, de 0,36%.

O IPCA também acelerou a alta acumulada em 12 meses para 4,87%, de 4,76% no mês anterior — acima do teto da meta de inflação.

Na avaliação do economista sênior do Inter, André Valério, o resultado do IPCA não justifica uma aceleração do ritmo de alta da Selic. No entanto, a deterioração nas expectativas de inflação e a recente desvalorização cambial devem pesar na decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de amanhã (11).

A expectativa é de que o Copom eleve a taxa básica de juros em de 0,75 ponto percentual, a 12,00% ao ano. Contudo, as apostas de alta de 1 ponto percentual na Selic se mantiveram majoritárias.

Nos Estados Unidos, o mercado continuou à espera de novos dados de inflação.

O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de novembro deve mostrar um leve aumento nas pressões de preços amanhã (11). Os economistas consultados ​​pela Dow Jones esperam um aumento mensal e anual de 0,3% e 2,7%, respectivamente. Isso seria um aumento de 0,2% e 2,6%, respectivamente, do mês anterior.

Embora o CPI não seja a principal referência de inflação para Federal Reserve (Fed), o indicador deve calibrar as expectativas para a reunião do Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), que acontece entre os dias 17 e 18 de dezembro.

Hoje (10), os traders veem 86,1% de chance de o Fed cortar os juros em 25 pontos-base, para a faixa de 4,25% a 4,50% na próxima reunião de política monetária — que acontece entre os dias 17 e 18 de dezembro.

Em linhas gerais, quanto mais o Fed reduzir os juros, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos atrativo à medida que os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA (Treasuries) caem, gerando apetite por risco em outros mercados com juros mais altos. 

*Com informações de Reuters 

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Repórter
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
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