Dólar

Dólar renova recorde pela 3ª sessão consecutiva e fecha a R$ 6,26 de olho na trajetória dos juros nos EUA

18 dez 2024, 17:12 - atualizado em 18 dez 2024, 18:08
dolar - real
O dólar à vista renovou o recorde pelo terceiro dia consecutivo; durante a sessão, a moeda encostou em R$ 6,30 pela primeira vez (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

Em mais um dia de recordes, o dólar à vista (USDBRL) estendeu o ritmo de forte ganhos com o aumento das incertezas sobre o cenário fiscal e a decisão sobre juros nos Estados Unidos.

Na comparação com o real, a moeda norte-americana encerrou as negociações a R$ 6,2657 (+2,78%) — e renovou o maior nível de fechamento da história pela terceira sessão consecutiva. O recorde anterior foi atingido na véspera, quando o dólar fechou a R$ 6,0961. 

A moeda também bateu a máxima intradia desde a criação do real, em 1994, ao alcançar R$ 6,2707.



O desempenho acompanhou a tendência vista no exterior. O indicador DXY, que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, subiu aproximadamente 1,08%, aos 108.036 pontos — em reação à decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed).

O que mexeu com o dólar hoje?

No cenário doméstico, o risco de desidratação do pacote fiscal durante a tramitação no Congresso Nacional seguiu pressionando os ativos locais.

Ontem (17), a Câmara dos Deputados aprovou o texto-base do projeto que impõe travas para o crescimento de despesas com pessoal e incentivos tributários no caso de déficit primário — o Projeto de Lei Complementar 210, que faz parte do pacote fiscal. Os projetos que tratam da Reforma Tributária e do Orçamento de 2025 também foram aprovados.

Segundo o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), os outros dois textos que compõem o pacote do governo — um projeto de lei e um projeto de emenda à Constituição (PEC) — ainda devem ser analisados pelo plenário.

Hoje (18), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o Banco Central e o Tesouro Nacional atuam para coibir eventuais movimentos especulativos de mercado, defendendo que há consistência no trabalho do governo na área fiscal.

Em entrevista a jornalistas, Haddad afirmou que o câmbio apresenta flutuações em um momento com incertezas e que a pasta seguirá acompanhando o tema, mas disse acreditar que os movimentos vão se acomodar.

Ele acrescentou que o Congresso Nacional deve finalizar nesta semana a votação de medidas de contenção de gastos e se mostrou confiante de que não haverá desidratação das iniciativas.

O exterior também pesou contra o real. Nos Estados Unidos, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed) cortou os juros em 25 pontos-base, para a faixa de 4,25% a 4,50% ao ano, como o esperado.

Contudo, o Fed prevê apenas dois cortes de 0,25 pontos-base em 2025 — menor do que o esperado pelo mercado.

“Após a divulgação dos números formou-se um consenso de que não haverá cortes na primeira reunião de 2025. Ficou claro, que apesar dos progressos realizados, as preocupações com a evolução da inflação estarão conosco em 2025. Não apenas por conta dos indicadores de 2024, mas também pelos potenciais impactos das políticas econômicas anunciadas pelo presidente Trump”, afirmou o economista-chefe da Nomad, Danilo Igliori.

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Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
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