Dólar renova recorde pela 3ª sessão consecutiva e fecha a R$ 6,26 de olho na trajetória dos juros nos EUA
Em mais um dia de recordes, o dólar à vista (USDBRL) estendeu o ritmo de forte ganhos com o aumento das incertezas sobre o cenário fiscal e a decisão sobre juros nos Estados Unidos.
Na comparação com o real, a moeda norte-americana encerrou as negociações a R$ 6,2657 (+2,78%) — e renovou o maior nível de fechamento da história pela terceira sessão consecutiva. O recorde anterior foi atingido na véspera, quando o dólar fechou a R$ 6,0961.
A moeda também bateu a máxima intradia desde a criação do real, em 1994, ao alcançar R$ 6,2707.
O desempenho acompanhou a tendência vista no exterior. O indicador DXY, que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, subiu aproximadamente 1,08%, aos 108.036 pontos — em reação à decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed).
O que mexeu com o dólar hoje?
No cenário doméstico, o risco de desidratação do pacote fiscal durante a tramitação no Congresso Nacional seguiu pressionando os ativos locais.
Ontem (17), a Câmara dos Deputados aprovou o texto-base do projeto que impõe travas para o crescimento de despesas com pessoal e incentivos tributários no caso de déficit primário — o Projeto de Lei Complementar 210, que faz parte do pacote fiscal. Os projetos que tratam da Reforma Tributária e do Orçamento de 2025 também foram aprovados.
Segundo o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), os outros dois textos que compõem o pacote do governo — um projeto de lei e um projeto de emenda à Constituição (PEC) — ainda devem ser analisados pelo plenário.
Hoje (18), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o Banco Central e o Tesouro Nacional atuam para coibir eventuais movimentos especulativos de mercado, defendendo que há consistência no trabalho do governo na área fiscal.
Em entrevista a jornalistas, Haddad afirmou que o câmbio apresenta flutuações em um momento com incertezas e que a pasta seguirá acompanhando o tema, mas disse acreditar que os movimentos vão se acomodar.
Ele acrescentou que o Congresso Nacional deve finalizar nesta semana a votação de medidas de contenção de gastos e se mostrou confiante de que não haverá desidratação das iniciativas.
O exterior também pesou contra o real. Nos Estados Unidos, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed) cortou os juros em 25 pontos-base, para a faixa de 4,25% a 4,50% ao ano, como o esperado.
Contudo, o Fed prevê apenas dois cortes de 0,25 pontos-base em 2025 — menor do que o esperado pelo mercado.
“Após a divulgação dos números formou-se um consenso de que não haverá cortes na primeira reunião de 2025. Ficou claro, que apesar dos progressos realizados, as preocupações com a evolução da inflação estarão conosco em 2025. Não apenas por conta dos indicadores de 2024, mas também pelos potenciais impactos das políticas econômicas anunciadas pelo presidente Trump”, afirmou o economista-chefe da Nomad, Danilo Igliori.