Dólar renova recorde pela 2ª sessão consecutiva após superar R$ 6,20 pela primeira vez na história
Em dia de recordes, o dólar à vista (USDBRL) iniciou a sessão em forte alta e renovou a máxima histórica intradia a R$ 6,20 com disparada da curva de juros, em meio à piora da percepção de risco, e o fortalecimento da divisa no exterior. Na tentativa de conter a forte valorização da divisa, o Banco Central realizou mais dois leilões — que fez pouco efeito no mercado.
Na comparação com o real, a moeda norte-americana encerrou as negociações a R$ 6,0961 (+0,04%) — e renovou o maior nível de fechamento da história pela segunda sessão consecutiva. O recorde anterior foi atingido na véspera, quando o dólar fechou a R$ 6,0934.
O desempenho destoou da tendência vista no exterior. O indicador DXY, que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, subiu aproximadamente 0,09%, aos 106,945 pontos — em reação a dados de atividade mais fortes do que o esperado e à espera da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed).
O Banco Central dos Estados Unidos deve cortar os juros em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 4,25% a 4,50% ao ano. A decisão será divulgada amanhã (18), acompanhada da entrevista coletiva do presidente do Fed, Jerome Powell.
O que mexeu com o dólar hoje?
No cenário doméstico, o risco de desidratação do pacote fiscal durante a tramitação no Congresso Nacional e a reação à ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) fizeram o dólar atingir R$ 6,2073 — a maior cotação intradia desde a criação do real, em 1994.
No documento divulgado nesta terça-feira (17), o Copom afirmou que a alta recente do dólar e o pacote fiscal influenciaram na decisão de elevar a taxa básica de juros, a Selic em 1 ponto percentual, a 12,25% ao ano.
“A percepção dos agentes econômicos sobre o recente anúncio fiscal afetou, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco, as expectativas de inflação e a taxa de câmbio”, disse a ata.
Vale ressaltar que colegiado ainda sinalizou mais duas altas da mesma magnitude nas reuniões de janeiro e março de 2025 — que, segundo a ata, foi uma decisão unânime entre os membros do colegiado.
Na avaliação do Itaú, a ata da reunião do Copom apresentou, “de forma bastante clara, um cenário de inflação muito desafiador”, que motivou a resposta forte de política monetária, tanto na decisão como na sinalização.
“Acreditamos que o Copom valorizará tanto sua credibilidade nas próximas decisões que é muito improvável que se desvie do que foi sinalizado, especialmente na direção de uma decisão mais branda”, afirmou o economista-chefe Mario Mesquita em relatório.
Na tentativa de conter a forte desvalorização do real ante o dólar, o Banco Central injetou cerca de US$ 3,2 bilhões em dois leilões: uma oferta de US$ 1,2 bilhões, à taxa de corte de R$ 6,1005 e outro de US$ 2,015 bilhões no mercado à vista, a R$ 6,1500.
Desde o dia 12 de dezembro, o BC já injetou US$ 12,760 bilhões no mercado por meio de sete leilões à vista e de linha (com compromisso de recompra).
Mas o dólar perdeu força apenas após a inclusão dos projetos de lei de regulamentação da Reforma Tributária e relacionados ao pacote fiscal na pauta do plenário da Câmara dos Deputados. Em entrevista a jornalistas, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL) reiterou o compromisso de apreciar as medidas ao longo desta semana.
“A gente vai votar o que eu disse hoje e amanhã. Não estou garantindo a aprovação ou a rejeição, mas vamos votar, estamos discutindo, conversando, dialogando, encontrando textos para votar. Mas o calendário de votação é esse”, disse Lira.
*Com informações de Reuters