Após falas de Haddad, dólar cai mais de 1% e fecha a R$ 5,78
Na véspera das eleições nos Estados Unidos e novidades no cenário fiscal brasileiro, o dólar à vista (USDBRL) perdeu força e terminou a sessão desta segunda-feira (4) em queda de mais de 1% ante o real.
Na comparação com o real, a moeda norte-americana encerrou as negociações a R$ 5,7831 (-1,47%). Durante o pregão, a divisa bateu mínima a R$ 5,7562.
O desempenho acompanhou a tendência vista no exterior. O indicador DXY, que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, teve queda de 0,39% hoje.
- LEIA TAMBÉM: Algoritmo usa de ‘dupla validação’ para buscar lucros para investidores – em 3 meses, o retorno foi de 350%
O que mexeu com o dólar hoje?
O dólar perdeu força ante o real com novidades sobre o cenário fiscal doméstico.
Pela manhã, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o pacote de corte nos gastos públicos deve ser anunciado ainda nesta semana. “Como as coisas estão muito avançadas do ponto de vista técnico, acredito que nós estejamos prontos para anunciar”, disse em entrevista a jornalistas.
Ainda segundo Haddad, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou o final de semana trabalhando no plano fiscal. “[…] Ele pediu que técnicos viessem à Brasília para apresentar detalhes e agora estamos na reta final.”
Durante a tarde, o ministro voltou ao Palácio do Planalto com o secretário-executivo Dario Durigan e o secretário de Política Econômica Guilherme Melo para uma reunião com Lula. Os ministros de Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e da Casa Civil, Rui Costa também estiveram presentes.
O chefe da pasta econômica cancelou a viagem à Europa, prevista para esta semana, a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva após a reação negativa do mercado — que refletiu na disparada dos juros futuros e do dólar no maior nível desde maio de 2020.
Na sexta-feira (1°), a moeda norte-americana encerrou a R$ 5,8694 (+1,53%) — a segunda maior cotação nominal do dólar na história.
O simples fato de Haddad ter ficado em Brasília já abriu espaço para uma correção de baixa do dólar e das taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros).
Em segundo plano, o mercado repercutiu o Relatório Focus do Banco Central. Os agentes financeiros elevaram, mais uma vez, a projeção de inflação neste ano de 4,55% para 4,59% e para o próximo ano passou de 4,00% para 4,03% —em ambos os casos acima do centro da meta de inflação, de 3%.
Os economistas consultados pelo BC também aumentaram as estimativas para a taxa básica de juros. A projeção agora é de que a Selic termine 2025 a 11,50%, de 11,25% na semana anterior.
Para este ano, os especialistas continuam vendo dois aumentos de 0,50 ponto percentual nas últimas duas reuniões do ano.
No exterior, o dólar recuou com a queda nos rendimentos (yields) dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, os Treasuries.
O mercado norte-americano fez ajustes na expectativa pelas eleições à Casa Branca, que acontecem nesta terça-feira (5) e na decisão de política monetária do Federal Reserve, a ser divulgada na quinta-feira (7).
Os investidores reduziram as apostas de vitória do ex-presidente Donald Trump.
Algumas das chamadas “negociações Trump” perdem força após que uma pesquisa recente mostrou Kamala liderando em Iowa — estado conquistado pelo republicano em 2016 e 2020. A pesquisa Des Moines Register/Mediacom Iowa foi divulgada no último sábado (2).
Além disso, a pesquisa final do New York Times/Siena College mostrou a vice-presidente Kamala com pequena liderança em Nevada, Carolina do Norte e Wisconsin, enquanto o ex-presidente Trump estava ligeiramente à frente no Arizona.
Os dois seguem em disputa acirrada no Michigan, Georgia e Pensilvânia, de acordo com a pesquisa, que entrevistou 7.879 prováveis eleitores nos sete Estados entre 24 de outubro e 2 de novembro. Em todos os sete Estados, as disputas estavam dentro da margem de erro de 3,5% da pesquisa.
No cenário de política econômica, o consenso é de corte de 25 pontos-base, o que levaria os juros norte-americano a faixa de 4,50% a 4,75% ao ano.
*Com informações de Reuters