Dólar dispara quase 2% com possível isenção de IR e fecha no maior patamar da história, a R$ 5,91
O dólar à vista (USDBRL) acelerou os ganhos nesta quarta-feira (27) com a expectativa do anúncio de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5 mil, juntamente com o pacote de corte nos gastos públicos.
Na comparação com o real, a divisa norte-americana encerrou as negociações a R$ 5,9135 (+1,81%) — na máxima nominal histórica para o dólar desde a criação do real.
O recorde anterior foi registrado em 13 de maio de 2020 — no auge da pandemia da Covid-19 — quando o dólar fechou a R$ 5,9007.
O desempenho destoou da tendência vista no exterior. O indicador DXY, que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, fechou com baixa de 0,92%, aos 106,096 pontos.
O que mexeu com o dólar hoje?
No cenário doméstico, o real teve o pior desempenho diário ante o dólar na história, à espera do anúncio da isenção de Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5 mil por mês, juntamente com o pacote de cortes nos gastos públicos, ainda nesta quarta-feira (27).
A ansiedade também foi sentido na curva de juros futuros. As taxas de Depósitos Interfinanceiros (DIs) dispararam até 40 pontos-base nos vencimentos de longo prazo.
A expectativa agora é pelo pronunciamento oficial do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em rede nacional às 20h30 (horário de Brasília).
Segundo o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, a medida de isenção do IR será compensada pela taxação de super-ricos.
Em entrevista coletiva em Brasília sobre os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados mais cedo, Marinho também afirmou que o conteúdo do pacote será “completamente diferente” do que vinha sendo ventilado.
Para a economista-chefe da Ouribank, Cristiane Quartaroli, o anúncio da isenção do IR “é bastante ruim nesse momento em que todo mundo aguarda o relatório com um anúncio de corte de gastos. O que vem é justamente o contrário, com redução de arrecadação”.
“A alta do dólar ela está respondendo muito a essa questão, ainda que não se saiba se ela será efetivada”, afirma.
O mercado espera que seja anunciado um corte de R$ 70 bilhões para os próximos dois anos, sendo de pelo menos R$ 30 bilhões em 2025.
Há a expectativa de mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC), no reajuste do salário mínimo, no abono salarial, a previdência e na pensão dos militares. Além disso, Haddad já confirmou alterações no Vale Gás e nos super-salários.
No exterior, o mercado repercutiu uma bateria de dados econômicos, na véspera do feriado do Dia de Ação de Graças (Thanksgiving).
Entre eles, o índice de preços (PCE) dos Estados Unidos.A inflação do país subiu 0,2% em outubro, segundo divulgado pelo Bureau of Economic Analysis (BEA). Em um ano, o PCE foi a 2,3% e se afastou da meta de 2% perseguida pelo Federal Reserve (Fed).
O PCE é o indicador inflacionário preferido do Banco Central norte-americano.
*Com informações de Reuters