Dólar

Depois de superar R$ 5,86 com Trump, dólar desacelera e opera abaixo de R$ 5,80; o que explica?

06 nov 2024, 13:16 - atualizado em 06 nov 2024, 16:37
dólar giro do mercado
O dólar superou R$ 5,86 com a vitória de Donald Trump nas primeiras horas do pregão; moeda agora desacelera de olho no fiscal (Imagem: Vladislav Reshetnyak/Pexels)

O dólar à vista (USDBRL) bateu a maior cotação intradia do ano nos primeiros minutos do pregão em reação a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais nos Estados Unidos.

Na comparação com o real, a moeda norte-americana chegou a superar a R$ 5,86.



O desempenho acompanhou a tendência vista no exterior. O indicador DXY, que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, subiu 1,95%, aos 105.441 pontos, hoje.

Mas ao longo da sessão, a divisa desacelerou. Por volta de 12h50 (horário de Brasília), o dólar registrava queda de 0,30%, a R$ 5,7305. Acompanhe o Tempo Real. 

Trump é sinônimo de alta do dólar?

O dólar acelerou os ganhos na primeira hora de negociações. O indicador DXY, que compara a moeda norte-americana a uma cesta de seis divisas globais como euro e libra, atingiu os 105 mil pontos, no maior nível em quatro meses. 

Na comparação com o real, o dólar superou, mais uma vez, a marca de R$ 5,80. Na máxima do dia, a moeda norte-americana atingiu R$ 5,8619 (+1,97%). O peso mexicano e o real estão entre as moedas mais afetadas pela vitória de Donald Trump hoje. 

Com o republicano na presidência dos Estados Unidos, os investidores esperam as políticas de expansão de gastos públicos levem a uma inflação e a um crescimento mais altos do que teriam sido em um governo da democrata Kamala Harris. Isso significará que o Federal Reserve precisará manter os juros elevados para evitar o superaquecimento da economia.

Ao mesmo tempo, os planos de Trump de impor tarifas sobre o comércio, forçar os aliados europeus a pagar mais pela defesa e a desconfiança em relação às instituições multilaterais provavelmente pressionarão o crescimento em outras partes do mundo, aumentando a procura pelo dólar. E, seguindo a lei de oferta e demanda, quando maior a busca pela moeda, os preços sobem.

Os analistas esperam uma queda acentuada do euro, possivelmente abaixo do nível de US$ 1, se houver tarifas e cortes de impostos domésticos.

O estrategista-chefe da Avenue, Willian Castro, destaca a escalada dos juros dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, os Treasurys, com um dos principais contribuidores para a alta do dólar.

“Trump disse que vai manter a carga tributária mais baixa o que é bom para as empresas, mas obviamente também acentua ou gera percepção da questão do risco fiscal — que reflete em um juro longo mais elevado. A imposição de tarifas também tem um impacto inflacionário”, afirma Castro. 

Em consonância com o juro mais elevado, o dólar tende a se fortalecer e diminui o diferencial de juros frente a outros países.”

Porém, ele afirma que a disparada do dólar nesta quarta-feira (6) pode ser “momentânea”. “Apesar dos receios em relação à inflação, o déficit fiscal, o dólar continua sendo a principal moeda do mundo”, disse Castro. 

Vale lembrar que os investidores também fazem ajustes com a proximidade da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve, que acontece nos dias 6 e 7 de novembro.

O consenso é de corte de 25 pontos-base, o que levaria os juros norte-americano a faixa de 4,50% a 4,75% ao ano. A decisão será divulgada na quinta-feira (7), acompanhada da coletiva de imprensa do presidente do Fed, Jerome Powell.

O que pode ‘frear’ a disparada do dólar?

No cenário doméstico, o anúncio de medidas fiscais pelo governo pode reduzir a volatilidade nos mercados — inclusive a pressão sobre o dólar.

“O mercado aguarda cortes na faixa de R$ 30 bilhões a R$ 50 bilhões, o que, se implementado, poderá contribuir para estabilizar tanto o dólar quanto as taxas de juros, que têm estado sob pressão há algum tempo”, afirma Matheus Spiess, analista da Empiricus. 

Nesta quarta-feira (6), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disseque todos os ministros do governo estão “muito conscientes” da tarefa de reforçar o arcabouço fiscal, acrescentando que a rodada de reuniões pedida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discussão de medidas fiscais foi concluída.

O chefe da pasta econômica afirmou que o próximo passo de Lula provavelmente será pedir conversas com os presidentes das duas Casas do Congresso, para que se discuta o envio das medidas fiscais para análise dos parlamentares, em entrevista a jornalistas.

Outras pautas continuam no radar dos investidores, como a Reforma Tributária. A votação do texto está prevista para o início de dezembro no Senado.

Os investidores também aguardam a decisão de sobre o juros.

No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulga a decisão hoje (6) depois do fechamento do mercado. O consenso é de alta de 50 pontos-base na Selic, a 11,25% ao ano.

*Com informações de Reuters 

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