Dólar

Dólar dispara pela 4ª sessão consecutiva e encosta em R$ 6,10 com temor fiscal e taxação de Trump 

02 dez 2024, 14:03 - atualizado em 02 dez 2024, 14:32
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O dólar à vista segue acima de R$ 6 e caminha para renovar o recorde histórico de fechamento pela 4ª vez consecutiva (Imagem: Getty Images/Canva Pro)

O dólar à vista (USDBRL) estende os ganhos sobre o real pela quarta sessão consecutiva e caminha para renovar o recorde de fechamento mais uma vez nesta segunda-feira (2).

Por volta de 13h45 (horário de Brasília), a moeda norte-americana operava cotada a R$ 6,0719 (+1,17%) no mercado à vista. Durante o pregão, a divisa atingiu R$ 6,0919 (+1,51%) — próximo do recorde intradia histórico de R$ 6,1155 registrado na última sexta-feira (29).



O movimento acompanha a tendência do exterior. O indicador DXY, que compara o dólar a uma cesta de seis moeda fortes, opera em forte alta. No mesmo horário, o índice subia 0,77%, aos 106,484 pontos.

Na sessão anterior (29), a divisa norte-americana encerrou a sessão cotada a R$ 6,0012 — no maior nível nominal desde a criação do real, em 1994.

O que mexe com o dólar hoje?

O movimento de disparada se iniciou na última quarta-feira (27), com o anúncio do pacote fiscal, que incluiu a isenção do Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil mensais —  uma das promessas da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o impacto da isenção do IR será “neutralizado” por um aumento na taxação de salários acima de R$ 50 mil — o que tem sido considerado “insuficiente” pelo mercado.

Em reação, os economistas consultados pelo Banco Central elevaram as expectativas para a moeda norte-americana para os próximos anos, segundo o Boletim Focus desta segunda-feira (2). Agora, as projeções são de dólar a R$ 5,60 no final de 2025 e de 2026. A estimativa para o final desde ano foi mantida em R$ 5,70 — apesar da percepção negativa sobre o cenário fiscal. 

O dólar também ganha força hoje (2) com a ameaça do presidente eleito nos Estados UnidosDonald Trump, de elevar tarifas para uma alíquota de 100% sobre os produtos fabricados no Brasil e em outros países que compõem o Brics.

“Exigimos que esses países se comprometam a não criar uma nova moeda do Brics nem apoiar qualquer outra moeda que substitua o poderoso dólar americano, caso contrário, eles sofrerão 100% de tarifas e deverão dizer adeus às vendas para a maravilhosa economia norte-americana”, escreveu Trump na rede social Truth Social no último sábado (30).

Selic deve ficar elevada por mais tempo

Nesta segunda-feira (2), o diretor de Política Monetária e futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que o câmbio flutuante é um dos pilares da matriz econômica do país, reiterando que a autarquia só atua no câmbio em caso de disfuncionalidades.

“Efetivamente, a gente vai continuar fazendo atuações só por questões de disfuncionalidades, como essa de você ter uma sazonalidade de final de ano de dividendos que vão para fora e coisas desse tipo”, afirmou Galípolo durante o evento XP Fórum Político, realizado pelo banco XP em São Paulo.

Galípolo, que assume a presidência do BC em janeiro, ainda disse que o cenário econômico atual aponta para uma política monetária “mais contracionista” por parte da instituição, sinalizando “juros mais altos por mais tempo” no Brasil.

“Parece relativamente lógico imaginar isso e (foi) em cima desse movimento que aconteceu ao longo do ano que o Banco Central foi migrando gradativamente de um ciclo de corte para uma pausa e (para) o ciclo de alta de juros”, disse o diretor do BC.

*Com informações de Reuters 

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Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
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