Dólar dispara a R$ 5,83 e caminha para sexto pregão consecutivo de ganhos; veja os motivos
O dólar à vista (USDBRL) engata uma nova alta nesta sexta-feira (1º) e caminha para o sexto dia de ganhos consecutivos.
Durante o pregão, a moeda norte-americana atingiu R$ 5,8754 (+1,63%) e terminou o dia no maior nível desde 13 de maio de 2020 — a R$ 5,8694 (+1,53%).
A divisa norte-americana tem acumulado ganhos contínuos nas sessões recentes em meio à crescente incerteza sobre o compromisso do governo com as contas públicas. Hoje também pesa a reação ao dado de emprego nos Estados Unidos — mais fraco do que o esperado.
No exterior, o indicador DXY, que compara o dólar a uma cesta de seis divisas, chegou a cair 0,29%, mas tem recuperado o fôlego. Por volta de 12h (horário de Brasília), índice registrava alta de 0,13%, aos 104,107 pontos. Acompanhe o Tempo Real.
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O que mexe com o dólar hoje?
O dólar à vista ganha força ante o real com a percepção do mercado de que o governo “está demorando” para anunciar novas medidas de contenção dos gastos públicos.
Na última quarta-feira (3o), ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que houve convergência com a Casa Civil em torno da elaboração de medidas para controle de despesas públicas. O chefe da pasta econômica, porém, não deu prazo para a apresentação.
Em linhas gerais, as preocupações do mercado com o cenário fiscal têm refletido na curva de juros brasileira, com as opções de vencimento de prazo mais longo subindo de forma acentuada, após terem recuado mais cedo acompanhando a queda nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA, os Treasuries.
No exterior, os investidores repercutem o relatório de empregos norte-americano, o payroll — que mostrou a criação de postos de trabalho mais fraca do que a esperada para outubro e o menor ganho mensal desde dezembro de 2020.
O país criou 12 mil postos de trabalho no mês passado, de 223 mil em setembro. Economistas consultados pela Reuters projetavam a criação de 113 mil vagas.
Segundo o Departamento do Trabalho norte-americano, o dado afetado por furacões recentes e greves trabalhistas, particularmente a paralisação na Boeing.
Apesar do relatório mostrar que a taxa de desemprego no país se manteve em 4,1% no mês, os mercados reagiam com a percepção de um mercado de trabalho mais enfraquecido, em uma reversão do que vinha se projetando nas sessões anteriores.
Com isso, os agentes financeiros ajustam apostas para o ciclo de afrouxamento monetário.
Operadores passaram a precificar quase 100% de chance de o Federal Reserve cortar os juros em 25 pontos-base na próxima reunião, o que levaria à faixa de 4,50% a 4,75% ao ano. Antes dos dados, a probabilidade era de 89%, de acordo com a ferramenta FedWatch, do CME Group.
As eleições à Casa Branca, que acontecem em 5 de novembro, também tem impulsionado o dólar em todo o mundo — como já esperado.
Os investidores seguem apostando na vitória do ex-presidente Donald Trump, o que pode levar a implementação de medidas consideradas inflacionárias, como tarifas e redução de impostos.
A vitória do republicano também representa um risco de fraqueza às moedas da América Latina, como o real. Segundo o JP Morgan, a moeda brasileira deve ser a terceira mais afetada, atrás apenas do peso mexicano e chileno.
Um dos impactos no câmbio são as tarifas comerciais, que o ex-presidente dos EUA já prometeu reforçar caso eleito. Nesse contexto, também há o impacto indireto dada a fortes relações de comércio com a China.
*Com informações de Reuters