Dólar acentua queda a R$ 5,09 e renova mínimas em mais de quatro meses
O dólar devolvia seus ganhos iniciais contra o real nesta segunda-feira, com sinais de tensão nas relações entre Estados Unidos e China e temores crescentes em torno das negociações de um acordo comercial pós-Brexit dividindo atenções com esperanças de estímulo nos EUA.
Às 12:36 (horário de Brasília), o dólar (USDBRL) recuava 1,15%, a 5,0942 reais na venda, depois de ter saltado a 5,1709 reais na máxima do dia. O principal contrato de dólar futuro caía 0,75%, a 5,117 reais.
No último pregão, na sexta-feira, a divisa norte-americana spot teve queda de 0,28%, a 5,1251 reais na venda.
Os mercados internacionais começaram a semana com a notícia de que os EUA estão se preparando para impor sanções contra pelo menos uma dúzia de autoridades chinesas por causa do suposto papel que tiveram na desqualificação de legisladores de oposição eleitos em Hong Kong, segundo uma reportagem da Reuters desta segunda-feira citando fontes.
A China disse que se opõe firmemente e condena enfaticamente a interferência dos Estados Unidos em seus assuntos internos.
“Tal notícia pesou ao ponto de reverter o bom humor com resultados positivos das exportações na China”, disse em nota Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, depois que as remessas do país aumentaram no ritmo mais forte em quase três anos em novembro, com a segunda maior economia do mundo registrando um superávit comercial recorde.
Enquanto isso, acrescentou, “problemas na cadeia de suprimento ainda trazem dúvidas quanto à entrega das vacinas em produção no mundo (e) o Brexit continua sem rumo concreto(…).”
A menos de um mês de seu prazo final, as negociações comerciais pós-Brexit estavam no fio da navalha nesta segunda-feira, à medida que Reino Unido e União Europeia faziam sua última tentativa de superar diferenças significativas e chegar a um acordo que evite uma saída desordenada.
Por outro lado, aliviando o sentimento, nos Estados Unidos as negociações com o objetivo de entregar um novo projeto de alívio do coronavírus ganharam impulso no Congresso na semana passada, com um grupo bipartidário de parlamentares trabalhando para dar os últimos retoques em um projeto de lei de 908 bilhões de dólares.
Diante desse cenário, o índice do dólar contra uma cesta de pares fortes tinha alta de cerca de 0,2%, enquanto alguns dos principais pares emergentes do real apresentavam perdas.
No Brasil, o Supremo Tribunal Federal decidiu na noite de domingo barrar a possibilidade de reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP) às presidências da Câmara dos Deputados e do Senado, depois de seis dos 11 ministros da corte confirmarem o entendimento de que a Constituição proíbe a reeleição dos chefes das casas legislativas na mesma legislatura.
“A aproximação do fim do mandato de Maia (…) pode favorecer o avanço da reforma tributária, uma aprovação que Maia tem demonstrado interesse em agregar ao seu currículo de conquistas.
Por outro lado, a falta de um claro favorito para se manter à frente de ambas as Casas pode mergulhar o Congresso em uma batalha interna que tende a prejudicar o avanço de pautas preteridas pelo mercado”, escreveu o time econômico da Guide Investimentos.
Recentemente, o presidente da Câmara tem defendido o avanço da agenda de reformas doméstica e cobrado maior definição para as contas públicas brasileiras, em meio a persistentes incertezas fiscais.
Ainda no radar dos operadores, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reunirá nesta semana. A expectativa é de que a autarquia deixe a taxa Selic inalterada pela terceira vez consecutiva, podendo também sinalizar o início de um ciclo de aperto a partir do segundo semestre de 2021, mostrou uma pesquisa Reuters.
O Banco Central fará nesta segunda-feira leilão de swap tradicional para rolagem de até 16 mil contratos com vencimento em abril e agosto de 2021.