Dólar flerta com os R$ 5, mas resiste após Congresso receber arcabouço fiscal
A expectativa pela entrega ao Congresso do novo arcabouço fiscal permeou os mercados durante toda esta terça-feira (18). A espera fez o dólar à vista subir ante o real pela segunda sessão consecutiva. O movimento foi na contramão do exterior, onde a moeda norte-americana se manteve em baixa ante outras moedas de exportadores de commodities.
Aliás, o dólar à vista chegou a recuar ante o real logo na abertura, reagindo à divulgação de dados na China. O país asiático divulgou números positivos do varejo, da indústria e do PIB.
No entanto, rapidamente as cotações passaram para o território positivo. Os receios de que o arcabouço fiscal pudesse surpreender negativamente, trazendo uma lista de itens que não estariam sujeitos ao limite de gastos, guiaram os negócios.
Com a divulgação do texto do documento, no meio da tarde, o dólar chegou a bater o valor mais alto do dia. Porém, desacelerou pouco depois. Ainda assim, terminou a sessão com alta firme.
Ao final da sessão, o dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 4,9766 na venda, em alta de 0,78%. Apesar da alta, a moeda norte-americana permaneceu abaixo da linha psicológica dos R$ 5 pela quinta sessão seguida.
Arcabouço influencia dólar
“Foi um movimento técnico. Quando o dólar se aproxima dos R$ 4,90, chama compras”, disse Fernando Bergallo, diretor da assessoria de câmbio FB Capital. “E as mudanças no arcabouço fiscal também pressionaram as cotações. Lá atrás, o mercado recebeu bem o arcabouço. Agora, está modulando as posições em função das notícias. Isso é normal”, acrescentou.
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Notícias divulgadas na imprensa de que o novo arcabouço traria uma lista de itens que estariam fora do limite de gastos trouxeram cautela aos investidores. O dólar reagiu em alta ante o real, a bolsa em baixa e as taxas dos contratos futuros subiram.
Após idas e vindas na divulgação, o governo revelou o texto no meio da tarde. Nele, foi estabelecido que para o período de 2024 a 2027 as despesas públicas não poderão crescer mais do que 70% da variação da receita líquida recorrente do governo. Haverá ainda um piso e um teto para balizar esse crescimento de gastos, que poderá variar anualmente entre 0,6% e 2,5% acima da inflação.