Contra a ‘maré’ externa, dólar repercute declarações de diretores do BC e termina sessão com leve baixa, a R$ 5,69
O dólar à vista (USDBRL) superou os R$ 5,70 mais um vez, mas perdeu força na reta final do pregão em meio à ajustes.
Na comparação com o real, a moeda norte-americana encerrou as negociações a R$ 5,6928 (-0,08%). Durante a sessão, o dólar atingiu 5,7323.
O desempenho destoou, nos instantes finais da sessão, da tendência vista no exterior. O indicador DXY, que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, subiu 0,31% hoje.
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O que mexeu com o dólar hoje?
O dólar operou instável em meio à fraqueza do minério de ferro, expectativas para as eleições dos Estados Unidos e a continuidade das incertezas sobre o cenário fiscal brasileiro.
No cenário doméstico, o mercado repercutiu novas declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
O chefe da pasta econômica afirmou que um fortalecimento do arcabouço fiscal é o melhor “remédio” para o momento que o país vive, ressaltando que discutirá iniciativas relacionadas ao tema com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em entrevista à imprensa em Washington, onde participa de reunião de ministros do G20, Haddad disse que parece “um pouco exagerado” afirmar que o governo não está tomando conta das contas públicas.
Após a adoção de uma série de medidas arrecadatórias, a equipe econômica vinha sendo pressionada a adotar iniciativas pelo lado das despesas e prometeu que, após o segundo turno das eleições municipais, vai apresentar projetos de controle de gastos.
Além disso, o diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Paulo Picchetti, demonstrou preocupação com a desancoragem das expectativas para a inflação, os preços correntes e o mercado de trabalho apertado.
“Estamos em um período que eu caracterizaria como transição de regime, e neste período é muito, muito difícil avaliar exatamente onde você está chegando. Nessas situações, a volatilidade e a incerteza estão obviamente aumentando, e escolhemos ser completamente dependentes de dados em relação aos nossos próximos passos”, disse Picchetti em evento promovido pela XP Investimentos em Washington (Estados Unidos).
No exterior, o dólar foi pressionado pela escalada dos juros projetados para a dívida norte-americana, os Treasuries.
Em linhas gerais, ao comprar Treasuries o investidor empresta dinheiro para o governo dos Estados Unidos, com a perspectiva de receber algum retorno financeiro nesses períodos, dada uma taxa negociada diariamente.
Essas taxas, também chamadas de yields (rendimentos), variam de acordo com a perspectiva dos investidores para a trajetória da taxa de juros da maior economia do planeta. Vale lembrar que a faixa atual dos juros está entre 4,75% e 5,00% ao ano.
Vale ressaltar que a moeda norte-americana também tem ganhado força nos últimos dias pelo aumento das apostas na vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos. Durante o pregão, o índice DXY atingiu o maior nível desde julho nesta quarta-feira (23).
O republicano tem prometido implementar medidas consideradas inflacionárias por parte de analistas, o que, em teoria, seria positivo para o dólar.
Por outro lado, as promessas do ex-presidente, que incluem tarifas e cortes de impostos, sugerem juros altos por mais tempo.
*Com informações de Reuters