Dólar cai pela 6ª vez consecutiva e fecha a R$ 5,46 com corte de juros nos EUA e expectativa sobre a Selic
O dólar à vista (USDBRL) estendeu as perdas pelo sexto pregão consecutivo com as atenções concentradas nas decisões de juros nos Estados Unidos e no Brasil.
Na comparação com o real, a moeda norte-americana encerrou as negociações a R$ 5,4617 (-0,48%) nesta quarta-feira (18).
O desempenho destoou da tendência vista no exterior. O indicador DXY, que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, fechou em alta de 0,15%.
- AO VIVO: Professor da FGV comenta as decisões do FOMC e Copom e como elas devem mexer com o mercado; assista:
O que mexeu com o dólar hoje?
Com as atenções concentradas nas decisões de juros nos EUA e no Brasil, o dólar acompanhou as movimentações do mercado em linha com as expectativas de corte nas taxas norte-americanas e alta na Selic.
O Federal Reserve (Fed) cortou os juros em 0,50 ponto percentual (p.p.), a 4,75% a 5,00%. A magnitude da redução foi em linha com a expectativa do mercado, de acordo com a ferramenta FedWatch, do CME Group.
Além disso, essa foi a primeira redução desde março de 2020 e marca o início do ciclo de afrouxamento monetário na maior economia do mundo.
“O Comitê (Federal de Mercado Aberto; Fomc, na sigla em inglês) adquiriu maior confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção a 2% e julga que os riscos para atingir suas metas de emprego e inflação estão aproximadamente equilibrados”, disse o Fed em um comunicado.
Durante a coletiva de imprensa, o presidente do BC norte-americano, Jerome Powell, disse a autoridade monetária não “esperou muito tempo” para reduzir sua taxa básica de juros.
“Não achamos que estamos atrasados” em relação à necessidade de cortar os juros, dadas as perspectivas, disse Powell. “Temos sido muito pacientes” com a política monetária e “esperamos, e acho que essa paciência rendeu dividendos” na forma de um declínio convincente da inflação.
Na avaliação do Inter, o Federal Reserve não deu um guidance mais firme sobre as próximas decisões, deixando as possibilidades em aberto para mover mais rápido ou devagar em direção à taxa vista como neutra.
“Como esperado, a decisão implica em um enfraquecimento global do dólar, o que deve retirar um pouco da pressão sobre o Copom e aumenta a probabilidade de um ciclo de alta menor que o esperado pelo mercado”, afirmou André Valério, economista sênior, em nota.
Vale lembrar que quanto mais o Fed reduzir os juros, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos atrativo à medida que os rendimentos dos Treasuries caem, gerando apetite por risco em outros mercados com juros mais altos, como o Brasil.
No cenário doméstico, os investidores aguardam a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). Após o Fed, a curva brasileira precificava 99% de probabilidade de alta de 0,25 p.p. da taxa básica Selic nesta quarta-feira e apenas 1% de chance de aumento de 50 p.p. Na véspera os percentuais eram de 91% e 9%, respectivamente.
Na prática, investidores praticamente apagaram da curva as apostas de que o Banco Central elevará a Selic, hoje em 10,50% ao ano, em 0,50 p.p.
*Com informações de Reuters