Dólar cai mais de 1% e fecha abaixo de R$ 6 com Lula e à espera de Copom
Depois de oito sessões cotado acima de R$ 6, o dólar à vista (USDBRL) rompeu o nível histórico e fechou em forte queda nesta quarta-feira (11), com os investidores dividindo as atenções entre o quadro de saúde do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a reação à inflação dos Estados Unidos em novembro.
O mercado também ficou em compasso de espera pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, o último encontro sob a presidência de Roberto Campos Neto.
Na comparação com o real, a divisa norte-americana encerrou as negociações a R$ 5,9557 (-1,53%).
O desempenho destoou da tendência vista no exterior. O indicador DXY, que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, subiu aproximadamente 0,28%, aos 106,683 pontos.
O que mexeu com o dólar hoje?
No cenário doméstico, o dólar à vista acelerou as perdas na reta final do pregão com notícias sobre o quadro de saúde do presidente Lula — que deve afetar a tramitação das medidas, como o pacote fiscal, e a disputa eleitoral em 2026.
O chefe do Executivo passará por um novo procedimento para bloquear o fluxo de sangue em uma região do cérebro e impedir outros sangramentos no crânio nesta quinta-feira (12), segundo o boletim médico mais recente.
Lula passou por uma cirurgia de emergência após sentir fortes dores de cabeças na noite de segunda-feira (9) e segue internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no hospital Sírio Libanês, em São Paulo.
Agora, após o fechamento, o mercado acompanha a última decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de 2024.
A expectativa é de que o Copom eleve a taxa básica de juros em de 0,75 ponto percentual, a 12,00% ao ano. Hoje, a Selic está em 11,25% ao ano.
Perto do fechamento, os operadores precificavam 70% de chance de o Copom elevar a Selic, em 1 ponto percentual nesta quarta-feira, contra 30% de probabilidade de um aumento de 0,75 percentual. Na reunião de novembro, o BC elevou a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual.
Nos EUA, o mercado reagiu a novos dados de inflação. O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) registrou alta de 0,3% na base mensal em novembro, acima do avanço de 0,2% do mês anterior, mas exatamente em linha com o esperado. O ganho anual foi de 2,7%.
No caso do núcleo, a alta também foi de 0,3% no mês, como projetado por analistas, marcando um avanço de 3,3% na base anual.
Embora o CPI não seja a principal referência de inflação para Federal Reserve (Fed), o indicador elevou as expectativas para a reunião do Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), que acontece entre os dias 17 e 18 de dezembro.
Após os dados, os traders passaram a ver 94,9% de chance de o Fed cortar os juros em 25 pontos-base, para a faixa de 4,25% a 4,50%, na próxima semana. Ontem (10), a probabilidade era de 88,9%, segundo a ferramenta FedWatch, do CME Group.
Em linhas gerais, quanto mais o Fed reduzir os juros, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos atrativo à medida que os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA (Treasuries) caem, gerando apetite por risco em outros mercados com juros mais altos.
*Com informações de Reuters