Dólar sobe a R$ 5,98 e renova recorde histórico de fechamento pela 2ª vez consecutiva
Nesta quinta-feira (28), o dólar à vista (USDBRL) renovou recorde intradia e de fechamento — pela segunda vez consecutiva.
Na comparação com o real, a divisa norte-americana encerrou as negociações a R$ 5,9895 (+1,29%). Esse é o maior nível de fechamento, em cotação nominal, desde a criação do real e superou o recorde registrado na véspera (27), quando o dólar fechou a R$ a R$ 5,9135.
Durante a sessão, a moeda também bateu a máxima intradia histórica a R$ 6,0036 (+1,52%). A maior cotação intradia anterior era de R$ 5,9718, registrado em 14 de maio de 2020, no auge da pandemia da Covid-19.
O que mexeu com o dólar hoje?
A disparada da moeda deve-se ao anúncio do pacote fiscal, que incluiu a isenção do Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil mensais — uma das promessas da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ontem (27), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou o corte de e R$ 71,9 bilhões nos próximos dois anos, sendo R$ 30,6 bilhões em 2025 e R$ 41,3 bilhões em 2026. O impacto estimado até 2030 é de R$ 327 bilhões.
Segundo o chefe da pasta econômica, o impacto da isenção do IR será “neutralizado” por um aumento na taxação de salários acima de R$ 50 mil — o que tem sido considerado “insuficiente” pelo mercado.
Isso porque a isenção do IR, estimada em R$ 50 bilhões anuais, supera os cortes de gastos previstos, gerando dúvidas sobre o real compromisso do governo com o equilíbrio orçamentário.
“O motivo do estresse é a diminuição da credibilidade das medidas de contenção de despesas, já que a mudança no IR caminha no sentido de diminuição da arrecadação, o que tende a limitar o efeito dos cortes que serão anunciados, e pode gerar inflação pela maior circulação de dinheiro na economia real”, afirma Paula Zogbi, gerente de Research e head de conteúdo da Nomad.
“Também restam dúvidas se a compensação pela tributação de pessoas com renda acima de R$ 50 mil por mês de fato será suficiente para compensar essa renúncia”, acrescenta.
Para ela, uma possível desidratação das medidas durante a tramitação no Congresso teria “consequências negativas” para o câmbio e para os mercados, podendo levar o dólar para patamares ainda acima do atual nível de R$ 6.