Após vaivém, dólar fica estável dividido entre vacinação e temores fiscais
O dólar fechou praticamente estável nesta segunda-feira, tomando fôlego ao longo da tarde depois de no fim da manhã chegar a cair mais de 1%, com investidores digerindo informações sobre o início em todo o Brasil da vacinação contra a Covid-19 e o ambiente político em meio ao agravamento da pandemia.
A moeda chegou a cair 1,27%, a 5,2363 reais, por volta de 13h, depois de o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), dizer que não é o momento de discutir um impeachment do presidente Jair Bolsonaro.
Na sexta-feira, o termo impeachment entrou nas discussões de analistas, o que acabou pressionando mais os mercados locais.
Após bater as mínimas da sessão, as compras reapareceram e o dólar zerou as perdas. Pesquisa XP/Ipespe mostrou avaliação negativa do governo de Jair Bolsonaro, assim como a percepção de sua atuação no combate à crise do coronavírus, pioraram em janeiro.
A escalada da pandemia no país e a queda da popularidade do presidente alimentam no mercado temores de pressão adicional por mais gastos, o que poderia deteriorar ainda mais a já frágil perspectiva para as contas públicas.
“Esperamos que o governo e o Congresso em breve aprovem outra rodada de medidas fiscais para mitigar o impacto social, econômico e de saúde pública de uma preocupante e muito intensa segunda onda de Covid-19”, disse o Goldman Sachs em nota.
O dólar à vista fechou com variação positiva de 0,02%, a 5,3048 reais.
Na véspera, a Anvisa aprovou, por unanimidade, o uso emergencial da CoronaVac, imunizante do laboratório chinês Sinovac, e, logo depois, a vacinação teve início com os profissionais de saúde do Hospital das Clínicas, em São Paulo.
A vacinação tem sido citada por profissionais do mercado como fator crucial para a recuperação do Brasil da qual dependem os rumos da taxa de câmbio, já que uma economia em crescimento tende a atrair mais investimentos estrangeiros com potencial para baixar o preço da moeda norte-americana.
“A velocidade de vacinação ditará o quão rápido a atividade econômica retornará ao nível pré-pandemia, mas não altera os desafios estruturais que o país enfrenta”, disse a Guide em nota.
A política monetária também esteve no radar, com o Banco Central anunciando na quarta-feira sua decisão de juros.
Pesquisa Reuters mostrou que o Copom deve manter a Selic na mínima histórica de 2% ao ano, mas provavelmente enfatizar a necessidade de uma normalização da Selic em resposta às pressões inflacionárias.
O entendimento é que esse seria o primeiro passo para se vislumbrar alta de juros, o que poderia dar algum suporte ao câmbio.
Segundo analistas, um dos motivos para a pressão sobre o real é o juro em patamar muito baixo, que deixa a moeda mais vulnerável a operações de hedge ou de financiamento para apostas em outras divisas.