Mercados

Dólar fecha em queda, mas se afasta de mínimas com incertezas fiscais

08 fev 2021, 17:13 - atualizado em 08 fev 2021, 17:24
Dinheiro, Dólar
Entre as mais citadas está a PEC Emergencial, que estabelece gatilhos para corte de despesas públicas (Imagem: Diana Cheng/Money Times)

O dólar zerou boa parte da queda de mais cedo e fechou apenas em leve baixa nesta segunda-feira, com investidores colocando no preço da moeda prêmio de fiscal derivado de incertezas sobre a aprovação de medidas compensatórias a uma eventual reedição do auxílio emergencial.

O dia foi farto de declarações de importantes autoridades sobre uma possível volta do benefício.

O presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), disse nesta tarde que não se pode vincular um novo auxílio emergencial a PECs que poderiam compensar aumento de gastos.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou que estava discutindo o auxílio com os ministros da Economia, da Cidadania e do Desenvolvimento Regional.

Uma fonte do governo disse à Reuters que está em estudo a possibilidade de concessão de 200 reais por três meses aos brasileiros vulneráveis que não recebem o Bolsa Família e tenham perdido o direito ao auxílio emergencial.

Também nesta tarde, o deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, confirmou que há já um acordo entre o presidente Jair Bolsonaro e os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado para que o governo crie um novo auxílio emergencial.

Mais cedo, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse que vai trabalhar por solução “viável” para a concessão de auxílio emergencial para os vulneráveis dentro do teto de gastos e voltou a defender a vacinação como instrumento de enfrentamento da crise provocada pela pandemia de coronavírus.

O mercado tem refeito cálculos com a possibilidade de volta do auxílio, mas nos novos cenários considera a aprovação de medidas que compensem o impacto fiscal.

Entre as mais citadas está a PEC Emergencial, que estabelece gatilhos para corte de despesas públicas.

No cenário traçado por Victor Scalet, economista e estrategista macroeconômico da XP, há chances de um auxílio emergencial que custe em 2021 entre 30 bilhões de reais e 50 bilhões de reais, mas ele ressaltou ser preciso que haja medidas de compensação a esse aumento do gasto também em 2022.

A expectativa da XP é que o dólar feche 2021 em 4,90 reais, apoiado em projeção de superávit em conta corrente.

Nesta segunda, o dólar à vista fechou em baixa de 0,23%, a 5,3723 reais na venda, longe da mínima de 5,3058 reais (-1,47%) atingida perto das 14h. Na máxima, alcançada ainda na primeira meia hora de pregão, a moeda subiu 0,69%.

Scalet comentou ainda sobre a votação do projeto que trata da autonomia do Banco Central, que, segundo o presidente da Câmara, ocorrerá na terça-feira. “É uma medida que está no preço do mercado, mas é importante no médio prazo, evita volatilidade”, disse.

O real segue como a moeda mais volátil do mundo e uma das que registram maior desvalorização relativa. Segundo a FGV, em 2020 o desalinhamento cambial médio ficou negativo em 22,2%, uma forte reversão ante o desalinhamento cambial positivo de 3,0% de 2019.

De acordo com Emerson Marçal coordenador do Centro de Macroeconomia Aplicada da Escola de Economia de São Paulo da FGV (FGV EESP) e um dos autores do estudo, de divulgação trimestral, curiosamente a piora na variável exportações pode ajudar a reduzir a divergência entre as taxas de câmbio do modelo e efetivas, mas não pela valorização do real, e sim pela deterioração dos fundamentos.

“Se isso (queda das exportações) se confirmar, vai atrapalhar o mercado de câmbio. É um sinal amarelo que se acende. Talvez os fundamentos externos da economia tenham começado a piorar”, disse.

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