Dólar fecha em queda de mais de 1% e vai a R$ 5,82 após se aproximar de R$ 6
O dólar fechou em firme queda de mais de 1% nesta quinta-feira, numa sessão marcada por volatilidade e pela aproximação da moeda da marca de 6 reais pela manhã, movimento contido pela melhora externa e por duas intervenções do Banco Central no mercado de câmbio.
Wall Street se recuperou ao longo da tarde e fechou em alta, após queda mais cedo. No Brasil, também respaldou o alívio no câmbio encontro entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto. Em coletiva, Maia defendeu que seja retomado o diálogo entre os Poderes e em todas as esferas da administração na busca de uma solução para a crise do coronavírus.
O dólar à vista caiu 1,37%, a 5,8202 reais na venda.
A moeda ascendeu ao longo das duas primeiras horas de pregão até bater a máxima recorde intradia de 5,9725 reais (+1,21%) às 11h05. Às 11h15, o BC anunciou o primeiro leilão do dia –oferta de até 1 bilhão de dólares em contratos de swap cambial, dos quais vendeu 890 milhões de dólares.
A cotação imediatamente perdeu força e assim ficou até por volta de 14h30, quando as compras retornaram e fizeram novamente o dólar superar os 5,92 reais perto das 16h. O BC, então, anunciou leilão de dólar à vista, colocando um total de 520 milhões de dólares.
No total, o BC vendeu 1,410 bilhão de dólares, acima dos 880 milhões de dólares da véspera.
Analistas, contudo, seguem céticos quanto a uma melhora significativa no mercado.
“Você não tem referência de preço hoje. Antes se falava de 4 reais, de 4,20, de 4,50, de 5 reais. Agora, não há a que (cotação) se apegar”, disse Roberto Serra, gestor sênior de câmbio da Absolute Investimentos.
Ele chama atenção para o menor volume de negócios do mercado primário –por onde passa dinheiro “novo”. Nas oito primeiras sessão de maio, a média diária de negociação está em 865,5 milhões de dólares, 20% abaixo do mesmo período do ano passado. “O fluxo está menor, então qualquer movimentação acaba fazendo preço”, disse.
O real deprecia 31,05% neste ano, pior desempenho entre seus principais rivais, enquanto outros ativos brasileiros também sofrem diante do aumento da desconfiança de investidores estrangeiros com a situação econômica, política, fiscal e de saúde do país.
No Twitter, o economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), Robin Brooks, disse que há algo no mercado que “desgosta intensamente do Brasil”, citando a saída recorde de investimentos em carteira do país.
“As saídas (de capital) do Brasil em março foram um evento com desvio padrão de -6,0, ou seja, completamente além de qualquer coisa já vista antes…”, disse Brooks, comparando o fluxo negativo do Brasil com o de outros mercados emergentes.
Segundo os últimos dados disponibilizados pelo Banco Central, a saída de investimentos em carteira alcançou 22,068 bilhões de dólares em março, um recorde –somando ações e renda fixa negociadas no mercado doméstico.
(Atualizada às 18h19)