Dólar fecha em queda de 1,28%, a R$ 5,55 na venda
O dólar (USDBLR) teve desvalorização acentuada contra o real nesta segunda-feira, movimento apontado por investidores como um ajuste depois de fortes ganhos registrados na semana passada, com acenos recentes do governo ao mercado financeiro e a aproximação da reunião de política monetária do Banco Central também no radar.
O dólar spot caiu 1,28%, a 5,5525 reais na venda, sua maior queda diária desde 27 de agosto deste ano (-3,5%). Na B3 (B3SA3), o dólar futuro tinha perda de 1,59%, a 5,5630 reais.
Na mínima do dia, a moeda norte-americana à vista chegou a cair 1,55%, a 5,5374 reais.
Depois que a ameaça concreta de desrespeito ao teto de gastos por parte do governo golpeou os ativos brasileiros na semana passada, investidores estavam de olho em acenos recentes do presidente Jair Bolsonaro e do ministro da Economia, Paulo Guedes, aos mercados financeiros.
A notícia de que o governo federal estuda enviar um projeto de lei ao Congresso que visa a venda de ações e a privatização da Petrobras (PETR4) também pareceu fornecer suporte aos mercados domésticos. O Ibovespa fechou em alta de 2,5%, com os papéis da Petrobras disparando.
Mesmo assim, a percepção de alguns operadores é de que as sinalizações benignas recentes não chegam nem perto de reverter o intenso baque que a credibilidade fiscal do país sofreu com os planos do governo de pagar o Auxílio Brasil com gastos fora de seu limite fiscal.
Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital, disse que a queda do dólar nesta segunda-feira não reflete qualquer mudança no cenário fiscal e é apenas ajuste “natural” depois da forte valorização acumulada pela moeda na semana passada de 3,115%, a mais acentuada desde julho.
“(A queda do dólar) não quer dizer que as coisas melhoraram, não”, disse Bergallo.
Também chamava a atenção dos mercados a reunião de política monetária do Banco Central, que começa na terça-feira e termina na quarta, uma vez que várias instituições financeiras importantes têm elevado suas projeções para o ritmo de aperto a ser anunciado pela autarquia, prevendo elevação de 125 a 150 pontos-base da taxa Selic.
Juros mais altos no Brasil elevam a atratividade dos retornos oferecidos no mercado de renda fixa, o que pode elevar o ingresso de recursos estrangeiros no país e, consequentemente, diminuir o valor do dólar contra o real, segundo especialistas.
Agora, grandes credores passaram a enxergar taxa básica de juros de dois dígitos ao fim do atual ciclo de aperto monetário do BC.
Embora, em princípio, as apostas de elevação mais acentuada da taxa Selic sejam fator de apoio para o real, elas vêm como resposta a salto nas expectativas de inflação e em meio a alertas de que qualquer desrespeito ao teto de gastos representará graves consequências à credibilidade fiscal do Brasil.
Investidores citaram a percepção de bom humor nos mercados internacionais nesta segunda-feira como fator de impulso para o real. Outras moedas latino-americanas, como peso colombiano e peso chileno, também registraram ganhos contra o dólar no dia.