Dólar fecha em queda com realização de lucros e exterior, mas quebra sequência após um mês
Após a forte alta da véspera, com investidores reagindo negativamente ao texto do novo arcabouço fiscal, o dólar à vista fechou em queda nesta quinta-feira (20), com a sessão conduzida por certa realização de lucros e pelo viés negativo da moeda norte-americana durante a tarde no exterior.
O dólar recuou durante praticamente todo o dia, com alguns investidores vendendo divisa no mercado futuro para realizar parte dos lucros após a alta de 2,20% ontem. Contudo, no exterior, a divisa estrangeira também recuava.
Com isso, o ativo recuou 0,52% frente ao real, cotado a R$ 5,05 para venda. Em contrapartida, na semana, a moeda americana avançou 2,92%, após quatro semanas consecutivas de variação negativa.
O dia seguinte da disparada do dólar
O avanço firme do dólar no pregão anterior deixou espaço para parte dos investidores realizar lucros e rever posições nesta quinta, avaliaram profissionais ouvidos pela Reuters. Porém, ontem, o avanço da moeda estrangeira esteve ligado à avaliação de que a proposta do novo arcabouço para as contas públicas traz inconsistências e exime o governo de responsabilidades pelo descumprimento das metas fiscais, além de embutir metas ambiciosas.
“Na quarta-feira, o dólar subiu muito, não era para tanto. Hoje, vimos uma realização e acompanhou um pouco o mercado internacional”, pontuou o gerente de câmbio da Fair Corretora, Mário Battistel.
Um operador ouvido pela Reuters pontuou ainda que, como amanhã é feriado no Brasil, é natural que alguns investidores mantenham posições compradas (apostas na alta do dólar) como forma de proteção. Todavia, como na véspera a moeda avançou forte, nesta quinta a atuação foi para encontrar um valor de equilíbrio, não muito baixo.
Ao avaliar o cenário geral, o presidente do Transferbank, Luiz Felipe Bazzo, avaliou que o “mais provável” é que o dólar se mantenha em abril próximo do patamar de R$ 5,00, podendo registrar período abaixo deste valor.
“Praticamente todas as moedas de países emergentes, de países exportadores de petróleo vêm se valorizando. Há um novo ciclo de commodities que deve se reforçar com a reabertura chinesa”, avaliou.
Influência do exterior
No entanto, no exterior, o dólar se manteve em baixa durante a tarde, em meio à percepção, trazida por números fracos da economia norte-americana, de que os Estados Unidos podem estar caminhando para uma recessão. O que sustenta a visão de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) pode fazer uma pausa na alta de juros após a reunião de junho.
As vendas de moradias usadas nos Estados unidos caíram 2,4%, para uma taxa anual ajustada sazonalmente de 4,44 milhões de unidades em março. Já os pedidos iniciais de auxílio-desemprego subiram em 5 mil, para 245 mil, em dado com ajuste sazonal na semana encerrada em 15 de abril. Economistas consultados pela Reuters previam 240 mil pedidos para a última semana.