Dólar fecha em leve queda, mas avança 3,7% em setembro marcado por BCs e eleição
O dólar à vista fechou em leve queda frente ao real nesta sexta-feira (30), cotado a R$ 5,39 para venda, em pregão de forte volatilidade desde o início dos negócios.
A moeda norte-americana oscilou entre R$ 5,32 e R$ 5,42 ao longo do dia, efeito das eleições e em dia de disputa técnica entre investidores comprados e vendidos pela formação de preço da taxa Ptax – média das cotações apuradas pelo Banco Central (BC) -, de fim de mês.
Os comprados venceram a disputa menos acirrada às vésperas da eleição, no domingo.
Em contrapartida, o contrato futuro do dólar com vencimento em novembro fechou em leve alta de 0,2%, a R$ 5,45. Lá fora, o Dollar Index tinha ligeira queda, acima dos 112,1 pontos.
Fim do mês
O dólar encerra setembro bem diferente de como começou. Apesar de abrir o mês pressionado, saindo da faixa de R$ 5,10 para R$ 5,20, as decisões de bancos centrais e a proximidade das eleições no Brasil levaram o dólar a passar dos R$ 5,40 – pela primeira vez em dois meses -, o que representa um avanço de 3,7% no mês.
É a segunda maior alta desde junho e o segundo mês seguido de valorização da moeda estrangeira.
Intervenções do BC
Na semana passada, o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) elevou a taxa de juros em 0,75 ponto percentual (p.p.) pela terceira vez seguida, reforçando os temores com a escalada da inflação nos Estados Unidos.
Aqui, acostumados com a pressão inflacionária, o Comitê de Política Monetária (Copom) encerrou o ciclo de altas da taxa Selic, mantendo-a em 13,75% ao ano.
Mas a surpresa veio com a intervenção do Banco Central (BC) na taxa de câmbio, pela primeira vez desde abril, com a realização de dois leilões conhecidos como de linha – venda de dólar com compromisso de recompra.
O operador da Commcor Corretora, Cleber Alessie, comenta que a principal característica da operação é o potencial de diluir ou combater eventuais disfuncionalidades no mercado cambial, especialmente quando o fluxo acaba sendo predominantemente unilateral.
Ele acrescenta que o foco do BC na intervenção não foi o nível da moeda, visto que o dólar está fortalecido globalmente e nos maiores patamares em mais de 20 anos em relação aos seus principais pares.
Segundo Alessie, a hipótese é de que a autoridade monetária atuou após ter informações de saída adicional de dólares, de modo que a oferta da moeda no curto prazo se fez bastante correta, atendendo uma demanda, e não enfrentando o movimento global do dólar.
Eleição
A eleição finalmente fez preço. Há algumas semanas, analistas repetiam que o pleito estava na cotação do câmbio, independentemente da escolha em Jair Bolsonaro (PL) ou em Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Nos últimos dias, porém, o movimento de proteção tomou conta, o que contribuiu para a disparada da moeda – valorização esta que fez a moeda fechar a semana em alta de 2,8% – na maior variação percentual semanal desde o começo de julho.
Bolsonaro ou Lula? Veja os cenários para o dólar após as eleições
Segunda-feira, pós-primeiro turno
O próximo pregão é a reação do mercado com o resultado das eleições em primeiro turno.
Para o diretor de alocação e distribuição da InvestSmart XP, André Meirelles, em uma eventual vitória de Lula no domingo, o foco do mercado será nas sinalizações do petista para a política fiscal e os nomes que irão compor sua equipe econômica.
Hoje, no início da tarde, a “Veja” publicou que membros da campanha de Lula já davam como certo o nome de Henrique Meirelles para o Ministério da Fazenda do ex-presidente, pasta que poderá voltar com o petista. Isso levou o dólar a renovar mínimas sucessivas abaixo de R$ 5,33.
“Caso o projeto de gastos mostre responsabilidade fiscal e a equipe econômica seja conhecida pelo mercado, a vitória de Lula pode ser benéfica para ativos brasileiros”, diz o diretor da InvestSmart XP.
Por outro lado, caso Bolsonaro seja eleito em primeiro turno, o cenário deve ser de menor incerteza, diz Meirelles, uma vez que seu projeto político é conhecido pelo mercado e deve ser uma continuidade dos últimos quatro anos – incluindo a manutenção de Paulo Guedes à frente do Ministério da Economia.
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