Dólar cai com esperança sobre precatórios, mas aguarda Fed e Copom
O dólar (USDBRL) fechou em queda ante o real nesta terça-feira, num movimento iniciado por uma trégua externa, mas intensificado pela perspectiva local de alguma resolução para os precatórios.
A moeda oscilou numa faixa estreita até perto de 12h30, quando despencou em linha quase reta enquanto autoridades políticas tentaram se mostrar empenhadas e coesas nos esforços em prol de um acordo sobre os precatórios, após reunião com o ministro da Economia, Paulo Guedes, para tratar do tema.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), disse que a PEC para resolver o problema dos precatórios no Orçamento do ano que vem preverá uma limitação do crescimento dessas despesas pela mesma dinâmica da regra do teto de gastos.
E o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ressaltou o compromisso de respeito ao teto de gastos e criou a comissão especial que analisará o mérito da PEC dos precatórios.
O receio do mercado de uma resolução capenga para essa conta disparou depois do discurso inflamado do presidente Jair Bolsonaro no 7 de Setembro, quando atacou ministros do STF.
Isso porque a solução de limitar pagamento dos precatórios nos moldes da regra do teto de gastos que agrada ao mercado foi costurada inicialmente no campo jurídico, com presença ativa do presidente do STF, Luiz Fux.
Um experiente operador de mercado ponderou que o momento agora deveria ser de pelo menos “parar de piorar”. “A política já atrapalhou tanto o fundamento (de mercado) que com qualquer sinalização melhor dela os ativos reagem de forma positiva”, disse.
No fim do dia, o dólar à vista caiu 0,81%, a 5,2854 reais na venda, após variar de 5,3381 reais (+0,18%) a 5,2632 reais (-1,23%).
A baixa percentual é a mais forte desde o último dia 13 (-0,84%).
Lá fora, a moeda dos EUA perdia valor frente à maioria de seus pares. O real esteve entre os melhores desempenhos do dia, mas era acompanhado de perto por rivais emergentes como rublo russo e lira turca sensíveis à percepção global de risco, assim como a divisa brasileira.
Para além do noticiário político local, o viés de baixa do dólar também era amparado pela recuperação de ativos de risco no exterior, após a liquidação da véspera por temores relacionados à incorporadora chinesa Evergrande.
Mas as atenções também estão voltadas para as decisões de política monetária no Brasil e nos EUA.
Aqui, o mercado espera alta de 1 ponto percentual nos juros e indicações sobre os próximos passos diante da escalada da inflação. Nos EUA, o foco se volta para se o Fed citará algum tipo de cronograma para redução de compras de ativos.
“O real deve contar com outro aumento agressivo de juros pelo BCB e uma decisão favorável a emergentes pelo Fomc para evitar uma terceira semana de perdas”, disseram profissionais da área de pesquisa de multiativos do banco francês Société Générale.
Eles notaram que o par dólar/real se estabeleceu acima da nuvem diária do Ichimoku uma ferramenta de análise técnica baseada em médias móveis.
Segundo eles, a atual posição da linha da taxa de câmbio indica possibilidade de mais altas do preço do dólar, podendo ir à faixa entre 5,46 reais e 5,48 reais.
Os patamares de 5,25 reais, 5,16 reais e 5,11 reais são os suportes mais próximos, ainda de acordo com os profissionais do banco.