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Dólar fecha acima de R$ 5,50 pela 1ª vez desde abril antes de IPCA e emprego nos EUA

07 out 2021, 17:23 - atualizado em 07 out 2021, 18:07
O dólar subiu ao maior patamar desde 20 de abril (Imagem: REUTERS/Dado Ruvic)
Dos últimos 12 pregões, o dólar subiu em 11, com alta acumulada de 4,35% (Imagem: REUTERS/Dado Ruvic)

O dólar (USDBRL) emendou a quarta alta seguida e fechou acima de 5,50 reais pela primeira vez desde abril nesta quinta-feira, mostrando mais força aqui do que no exterior devido à cautela de investidores domésticos antes da divulgação do IPCA de setembro, o que contaminou ainda o mercado de juros futuros.

As taxas de DI negociadas na B3 (B3SA3) uma medida do juro esperado para o futuro chegaram ao fim da tarde em fortes altas de mais de 10 pontos-base entre 2023 e 2027, evidência das dúvidas do mercado sobre os rumos da inflação e a capacidade do Banco Central de trazer o IPCA para a meta em 2022.

Pesquisa da Reuters aponta que o IPCA deve ter subido 1,25% em setembro, indo a 10,33% em 12 meses. A leitura mensal seria a segunda mais alta para setembro da série com início em 1994, enquanto a taxa anual até setembro ficaria entre as cinco mais elevadas nessa base de comparação.

O IBGE divulga o IPCA na sexta-feira às 9h (de Brasília).

De forma geral, a alta da inflação exige uma depreciação nominal da taxa cambial para que a taxa de câmbio real se mantenha mais alinhada aos níveis de risco percebidos pelo mercado no momento.

Além disso, com a taxa de aumento de preços (inflação) mais alta do que o patamar da taxa de retorno (juros), o investidor acaba carregando prejuízo, o que prejudica ainda mais o apelo do real como ativo a se manter em carteira.

Segundo Gustavo Menezes, gestor macro com foco em câmbio na AZ Quest, a pressão de fraqueza sobre o câmbio em boa parte tem sido causada pelos retornos reais negativos, que se aprofundaram neste ano depois de já terem ficado abaixo de zero em 2020.

Uma esperança nessa frente seria a inflação anual ter batido seu pico em setembro e o Banco Central continuar a elevar os juros, disse o gestor.

“E o BC aqui, ciente dos riscos, antecipou os leilões para dar liquidez ao câmbio. Acredito que ele deva atuar além dos swaps do overhedge, com operações no mercado à vista ou de derivativos com algum valor a mais do que ele já anunciou, para deixar o mercado mais comportado”, afirmou Menezes.

O time de pesquisa econômica da AZ Quest projeta dólar de 4,80 reais ao fim de 2021 e 2022.

Nesta quinta, o Banco Central tornou a fazer uma espécie de “intervenção verbal”, com o diretor de Política Monetária da autarquia, Bruno Serra, afirmando que o BC está pronto para atuar no câmbio caso entenda ser necessário.

O último trimestre do ano sazonalmente é de mais pressão no câmbio devido a saídas de recursos, por exemplo, na forma de remessas de lucros e dividendos.

Mas, segundo o diretor, o BC prevê alívio no mercado de câmbio no ano que vem após o fim da demanda por dólares em função do desmonte de posições cambiais pelos bancos e a finalização do processo de redução de endividamento externo das empresas.

O dólar tem recorrentemente subido mais no Brasil do que em outros países, com investidores buscando proteção por fatores externos, mas também por incertezas sobre a política monetária local, o crescimento econômico e o cenário político-fiscal.

O real figurou nesta sessão na curta lista de divisas que perderam valor. Ao fim dos negócios no mercado à vista, o dólar subiu 0,54%, a 5,5155 reais.

É o maior patamar desde 20 de abril (5,5486 reais).

Investidores em todo o mundo aguardam ainda a divulgação de dados de emprego nos EUA na sexta-feira, que podem dar direção a expectativas acerca de corte de estímulos pelo banco central norte-americano.

Em quatro sessões, a moeda ganhou 2,72%.

Dos últimos 12 pregões, o dólar subiu em 11, com alta acumulada de 4,35%. Em 16 sessões, a cotação valorizou-se em 14, com acréscimo de 5,32% no período completo.

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