Após vaivém no dia, dólar fecha em leve alta com noticiário político e exterior
O dólar fechou em leve alta nesta segunda-feira, depois de uma sessão de gangorra em que o mercado repercutiu o intenso noticiário de Brasília e o clima mais conservador no exterior.
O dia foi marcado pela entrega do governo ao Congresso do texto que propõe mudanças no Bolsa Família, que se chamará Auxílio Brasil e, segundo o presidente Jair Bolsonaro, deverá ter um reajuste de pelo menos 50%.
O mercado teve uma reação inicial negativa, em meio à pressão de Bolsonaro por um aumento maior no valor do benefício. Como resultado, o dólar bateu a máxima intradiária de 5,3000 reais.
A moeda começou a perder fôlego, contudo, após o ministro da Cidadania, João Roma, dizer que o novo Bolsa Família ficará dentro do teto de gastos e que não há a menor possibilidade de isso não acontecer.
“Essa foi a informação que acalmou o pessoal, mas a indefinição continua e só atrapalha”, disse um operador de uma corretora em São Paulo. O ministro da Cidadania disse que o valor do novo Bolsa Família só será definido no fim de setembro.
O dólar à vista subiu 0,22%, a 5,2460 reais na venda, após variar de 5,3000 reais (+1,26%) a 5,2152 reais (-0,36%).
Os preços do dólar e dos juros têm estado sob intensa pressão nos últimos dias em meio a informações de que o novo programa do governo ficaria fora do teto de gastos instrumento que ajuda a conter aumento de despesas e é hoje considerado a única âncora fiscal efetiva do país.
Investidores ficaram incomodados também com a ideia da equipe econômica de alterar modelo de pagamento dos precatórios, o que foi entendido por alguns como uma forma de calote.
Essa conta está estimada em torno de 90 bilhões de reais para o ano que vem.
As taxas de DI negociadas na B3 (B3SA3) chegaram ao fim da tarde desta segunda com alta de mais de 10 pontos-base nos contratos mais longos.
A pauta doméstica já traz volatilidade suficiente a percepção de instabilidade da taxa de câmbio já está perto das máximas de abril, mas vaivém adicional é esperado do exterior, conforme investidores se preparam para o simpósio de bancos centrais em Jackson Hole, nos EUA, previsto para o fim do mês.
Há expectativas de que no evento o Federal Reserve (banco central dos EUA) anuncie um cronograma para retirada de estímulos em curso desde o ano passado.
Lá fora, a moeda norte-americana deixou a estabilidade e subia 0,12% neste fim da tarde contra uma cesta de moedas fortes.
Frente a divisas emergentes, os ganhos do dólar eram bem mais acentuados a moeda subia, por exemplo, 1,3% na comparação com o rand sul-africano.
Citando a incerteza externa, o BTG Pactual (BPAC11) elevou de 4,90 reais para 5,00 reais sua projeção para o dólar ao fim do ano dentro de seu cenário-base.
O Rabobank vê taxa de câmbio de 5,15 reais por dólar em dezembro de 2021, com alta de juros e ambiente por ora tranquilo para as contas externas.
Em meio à elevação dos juros domésticos, as apostas na valorização do real nos mercados de derivativos dos Estados Unidos voltaram a se aproximar de máximas recordes.
O real parece aos olhos dos estrangeiros recuperar pelo menos parte de sua atratividade como divisa de “carry trade”, mas analistas ainda apontam riscos fiscais e políticos como pontos fracos da moeda brasileira.