Dólar sobe em dia negativo para ativos de risco, sem tirar fiscal do radar
O dólar fechou em alta contra o real nesta quinta-feira, dia negativo para ativos de risco no mundo em meio a incertezas sobre a recuperação econômica global, alta de rendimentos de títulos de dívida e receios em torno da agenda econômica no Brasil.
O dólar à vista subiu 0,48%, a 5,4414 reais na venda.
A moeda bateu a mínima do dia (de 5,3871 reais, queda de 0,52%) ainda na primeira meia hora de negócios e tomou algum fôlego a partir de 10h, estabilizando-se cerca de 30 minutos depois em torno de 5,42 reais.
Perto de 12h a cotação voltou a ganhar impulso, até tocar a máxima intradiária às 15h19, de 5,454 reais, alta de 0,71%.
No exterior, o dólar subia 0,6% contra peso mexicano e peso colombiano, 0,3% frente ao rublo russo e 0,4% ante o iuan chinês.
Em Wall Street, as bolsas de valores caíam entre 0,3% e 0,5%.
Temores de aumento de inflação com o crescimento econômico ainda tentando ser recuperado têm deixado investidores nervosos.
Evidenciando esses receios, os yields dos títulos do Tesouro dos EUA considerados o ativo mais seguro do mundo subiam, a despeito da fraqueza em mercados de risco.
Uma aceleração da inflação nos EUA poderia levar o Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) a retirar parte do suporte concedido aos mercados para enfrentamento da crise causada pela pandemia, o que significaria menos liquidez para países emergentes, como o Brasil.
Tal movimento pegaria o país num momento de fragilidade das contas públicas e poderia intensificar pressões de alta nas taxas de juros de mercado e no dólar caso Congresso e governo não cheguem a um consenso sobre contrapartidas a um novo auxílio emergencial, avaliou a economista-chefe do Credit Suisse Brasil, Solange Srour.
Para ela, mesmo com alta de juros, o real não voltaria a ser moeda que se beneficia do “carry trade” quando o investidor apostas em divisas de maior rendimento, devido ao risco fiscal o mesmo que faz o Credit Suisse limitar sua aposta de queda do dólar para 5,20 reais.
O mercado manteve no radar ainda impactos sobre o calendário de reformas oriundos da tensão em Brasília após a prisão do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), acusado de divulgar ataques a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
A XP lembrou que Daniel Silveira é aliado do presidente Jair Bolsonaro e que também as taxas de juros subiram diante do risco de que o imbróglio em Brasília possa “vir a atrapalhar as negociações em torno do auxílio emergencial”.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou nesta quinta-feira que a chamada PEC Emergencial será pautada no plenário da Casa na próxima semana e que o parecer da proposta deve ser divulgado até a segunda-feira.
Pacheco esteve reunido nesta quinta com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e com o ministro da Economia, Paulo Guedes, para discutir o auxílio emergencial e contrapartidas para o programa assistencial.