Dólar fecha ano em R$ 4,90, mas com fiscal no caminho, diz BTG Pactual
O dólar fechará o ano em 4,90 reais, queda nominal de 9,1% ante os patamares desta quinta-feira, considerando manutenção do teto de gastos no Brasil e uma rodada de auxílio emergencial mais restrita que a do ano passado, entre outros fatores, disseram analistas do BTG Pactual (BPAC11) em relatório.
A taxa de 4,90 está dentro do cenário-base do banco, que contempla preservação do teto de gastos via PEC Emergencial, além de evolução das reformas tributária e administrativa, cumprimento do plano nacional de vacinação, política monetária estável nos EUA, alta da Selic para 3,75%, elevação da demanda por commodities e um pacote fiscal norte-americano entre 1 trilhão de dólares e 1,9 trilhão de dólares.
“Entendemos que existem riscos tanto baixistas quanto altistas para o câmbio, mas o cenário de maior convergência de interesses entre o Legislativo e o Executivo e a perspectiva de um pacote fiscal americano menor que o anunciado no primeiro momento nos levam a crer que a moeda brasileira seguirá uma tendência de valorização ante o dólar até o final do ano”, disseram Álvaro Frasson, Leonardo Paiva e Luiza Paparounis, da área de pesquisa macro do banco.
Os profissionais traçaram dois cenários alternativos. No otimista, no qual o dólar vai a 4,50 reais até o fim do ano, o pacote fiscal dos EUA fica abaixo de 1 trilhão de dólares, as matérias-primas escalam aos preços de antes de 2015, a Selic é elevada acima de 3,75%, há ausência de reedição do auxílio emergencial e aprovação das reformas tributária e administrativa.
No cenário pessimista, que tem o dólar indo a 5,50 reais, os estímulos nos EUA ficam em 1,9 trilhão de dólares, as commodities recuam, o banco central norte-americano começa a retirar gradualmente suporte monetário e o diferencial de juros Brasil-EUA permanece estável.
Também nesse cenário há flexibilização da atual regra do teto de gastos, atrasos na imunização nacional e evolução de divergências entre Executivo e Legislativo que atrasam ou alteram a agenda econômica.
Os economistas do BTG disseram que a retomada da atividade econômica somada às sinalizações do governo em torno da manutenção do teto de gastos para 2021 e a visão reformista dos novos presidentes das Casas legislativas promoveram uma redução do prêmio de risco na curva de juros longa, o que beneficiou o real.
Por outro lado, o moderado ritmo de vacinação e a incerteza quanto ao tamanho do pacote fiscal norte-americano pesaram sobre o câmbio, o que ajuda a explicar a desvalorização nominal de 3,8% do real frente ao dólar desde o fim do ano passado, segundo os economistas.
Os profissionais comentaram ainda a volatilidade do real, a mais alta dentre as principais moedas.
“A diferença em nível (de volatilidade) entre os países pode ser explicada pelo ainda incerto cenário fiscal brasileiro que, diferentemente dos seus pares, necessita de difíceis e complexas reformas econômicas para estabilizar sua trajetória de dívida pública.”