Dólar à vista cai a R$ 5,47 com expectativa de corte nos juros nos EUA após Powell, mas fecha semana em alta
Depois de encostar em R$ 5,60 na véspera, o dólar à vista (USDBRL) reverteu parte dos ganhos da semana e voltou ao nível abaixo de R$ 5,50 — em uma sessão marcada por declarações sobre política monetária no exterior.
As atenções ficaram concentradas no discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no Simpósio de Política Econômica de Jackson Hole.
Na comparação com o real, moeda norte-americana encerrou as negociações a R$ 5,4794 (-1,99%) nesta sexta-feira (23). Durante a sessão, o dólar registrou a mínima intradia a R$ 5,4749.
A queda do dólar foi puxado pelo exterior. O indicador DXY, que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, fechou com queda de 0,82%.
- Como proteger os seus investimentos: dólar e ouro são ativos “clássicos” para quem quer blindar o patrimônio da volatilidade do mercado. Mas, afinal, qual é a melhor forma de investir em cada um deles? Descubra aqui.
Mesmo com a forte queda na última sessão, o dólar acumulou alta de 0,21% na semana.
O que mexeu com o dólar hoje?
A moeda norte-americana voltou a ganhar força no Brasil e no exterior com as declarações do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell — que reforçaram as apostas de corte nos juros norte-americanos em setembro e fizeram os rendimentos (yields) dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos renovarem as mínimas intradiárias.
Powell disse que “chegou a hora de ajustar a política monetária”.
“Os riscos de alta para a inflação diminuíram. E os riscos de queda para o emprego aumentaram”, disse o chefe do Fed em discurso no Simpósio em Jackson Hole.
“Chegou a hora de ajustar a política. A direção a ser seguida é clara, e o momento e o ritmo dos cortes nos juros dependerão dos dados que chegarem, da evolução das perspectivas e do equilíbrio dos riscos.”
Após as falas de Powell, o mercado consolidou a chance de 100% de redução nos juros — com um aumento das apostas de redução de 50 pontos-base, o que levaria os juros a faixa de 4,75% a 5,00% ao ano.
Agora, os traders veem 65,5% de chance de o Fed cortar os juros em 0,25 ponto percentual no próximo mês, o que seria o primeiro movimento da taxa desde julho de 2023 e levaria os juros ao intervalo de 5,00% a 5,25% ao ano. Ontem (22), a probabilidade era de 76%.
Já as apostas de corte de 50 pontos-base saltaram de 24% (ontem) para 34,5% hoje.
A próxima reunião do Federal Reserve está marcada para os dias 17 e 18 de setembro.
Vale lembrar que quanto mais o Banco Central dos Estados Unidos reduzir os juros, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos atraente quando os rendimentos (yields) dos Treasuries caem.
Se nos Estados Unidos as expectativas são pelo corte de juros, no Brasil, o mercado prevê a retomada do aperto monetário no próximo mês.
“A recente declaração de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, sobre a inflação americana estar sob controle e a possibilidade de cortes nas taxas de juros pode ter implicações indiretas para o Brasil, mas não altera diretamente a perspectiva de início de um ciclo de alta de juros no país”, disse Isabela Bessa, especialista em investimentos internacionais da Warren Investimentos.
Hoje o mercado já precifica a retomada do ciclo de altas na taxa básica de juros, a Selic.
Em linhas gerais, o movimento de redução dos juros nos Estados Unidos e alta da Selic, no Brasil, pode impactar positivamente nos fluxos de capitais globais e influenciar as condições financeiras internacionais, dado o diferencial dos juros.