Dólar

Dólar à vista sobe mais de 1% e fecha a R$ 5,48, na contramão do exterior

20 ago 2024, 17:04 - atualizado em 20 ago 2024, 17:07
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A moeda norte-americana interrompeu o ciclo de quedas ante o real e ganhou força nesta terça-feira. (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

O dólar à vista (USDBRL) interrompeu o ciclo de quedas e ganhou força ante o real em meio ao avanço da curva de juros brasileira, com a precificação de retomada do ciclo de aperto monetário em setembro, e declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

A moeda norte-americana encerrou o dia a R$ 5,4831, com alta de 1,31%.



No exterior, o dólar perdeu força. O indicador DXY, que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, fechou com queda de 0,46%. A libra e o euro registraram os maiores níveis do ano.

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O que mexeu com o dólar hoje?

A moeda norte-americana interrompeu o ciclo de quedas ante o real e ganhou força nesta terça-feira (20).

No cenário doméstico, os investidores seguem precificando uma alta de, pelo menos, 25 pontos-base na taxa básica de juros, a Selic, em setembro.

Na véspera, a XP Investimentos e o BTG Pactual passaram a integrar a lista de economistas que espera uma postura mais ‘hawkish’ do Comitê de Política Monetária (Copom) na próxima reunião — que deve marcar a retomada do aperto monetário.

A XP elevou para 11,75% sua projeção para a Selic ao final deste ano e estimou que a taxa básica chegará a 12% em janeiro de 2025. Anteriormente, a expectativa da corretora era de que a Selic terminasse 2024 em 10,50%, atual patamar.

O BTG mantém a mesma projeção, de Selic a 12% no início do ano que vem.

“Um ajuste agora tenderia a favorecer cenários mais sustentáveis para a flexibilização da política monetária em 2025, pois lidar com um cenário de inflação mais deteriorado (com expectativas mais desancoradas) seria mais complicado posteriormente”, escreveram os analistas Claudio Ferraz, Bruno Martins e Bruno Balassiano, em relatório.

Hoje, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterou que a autoridade monetária pode decidir por novas elevações nos juros. “O Banco Central vai subir os juros se for preciso, independente de eu estar ou não no BC”, disse Campos Neto no Macro Day, evento realizado pelo BTG Pactual.

O exterior também movimentou a cotação do dólar.

A China manteve as taxas de juros de referência para empréstimos (LPR) inalteradas, em linha com as expectativas do mercado.

A taxa de juros para empréstimos de um ano — referência para empréstimos novos e pendentes — foi mantida em 3,35%, enquanto a LPR de cinco anos — referência para o mercado de hipotecas — ficou inalterada em 3,85%.

Em julho, a China surpreendeu os mercados em julho ao cortar as principais taxas de juros de curto e longo prazo, sua primeira medida tão ampla em quase um ano, sinalizando a intenção das autoridades de fortalecer o crescimento econômico.

Além disso, os investidores mantêm a expectativa pelo início de um ciclo de afrouxamento monetário no Federal Reserve (Fed) na  reunião de setembro, após uma série de dados econômicos melhores que o esperado nos Estados Unidos.

Agora, os traders veem 71,5% de chance de o Fed cortar os juros em 0,25 ponto percentual no próximo mês, o que seria o primeiro movimento da taxa desde julho de 2023 e levaria os juros ao intervalo de 5,00% a 5,25% ao ano. Ontem (19), a probabilidade era de 76%.

Há também a expectativa para o Simpósio de Política Econômica de Jackson Hole — um encontro anual de autoridades de bancos centrais, para obter mais sinais sobre a trajetória.