Dólar sobe a R$ 5,73 com pacote fiscal e decepção com China; moeda norte-americana acumula baixa de mais de 2% na semana
Nesta sexta-feira (9), o dólar à vista (USDBRL) interrompeu a queda da véspera e terminou o dia em forte alta sobre o real, enquanto o mercado aguarda o anúncio do pacote fiscal. A elevação da inflação em outubro e a decepção com os novos estímulos na China também pressionaram a moeda brasileira.
Na comparação com o real, a divisa norte-americana encerrou as negociações a R$ 5,7359 (+1,07%). Na semana, o dólar recuou 2,27% ante o real.
O desempenho acompanhou da tendência vista no exterior. O indicador DXY, que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, teve alta de 0,50%, aos 104.344 pontos, hoje.
O que mexeu com o dólar hoje?
No cenário doméstico, o dólar acelerou os ganhos ante o real com novos dados econômicos e expectativa pelo anúncio do pacote fiscal.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,56% em outubro, depois de subir 0,44% em setembro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado veio acima da expectativa em pesquisa da Reuters de 0,53% para o mês.
Nos 12 meses até outubro, a inflação acumulou alta de 4,76% — já acima do teto da meta de inflação perseguida pelo Banco Central.
Além do IPCA, a demora do governo em fechar o pacote de cortes de gastos também pressionou o real. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez reuniões com ministros para discutir o pacote ontem (7) e hoje (8), mas ainda não há previsão de divulgação de medidas.
Segundo o Itaú, o governo precisa anunciar um pacote de corte de gastos de, pelo menos, R$ 60 bilhões para garantir o cumprimento do limite de despesas do arcabouço fiscal até 2026. Desse total, eles estimam a redução de R$ 25 bilhões em 2025 e um ajuste adicional de R$ 35 bilhões em 2026.
No exterior, o dólar ganhou força com rumores de que o candidato eleito à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, indicará Robert Lighthizer como Representante do Comércio do país. As informações são do Financial Times.
Lighthizer ocupou o cargo no primeiro mandato do republicano e é conhecido pela visão protecionista e uma posição “dura” contra a China.
As moedas emergentes, como o real, também foram pressionadas pela nova decepção com os estímulos fiscais da China — que derrubaram os preços de commodities, com destaque para o minério de ferro e o petróleo.
Autoridades chinesas disseram que permitirão que os governos locais emitam seis trilhões de yuan (838,77 bilhões de dólares) em títulos para trocar por dívidas fora do balanço, ou “ocultas”, ao longo de três anos.
*Com informações de Reuters