Dólar tem tombo de quase 3% e fecha a R$ 5,75 com flexibilização das tarifas de Trump

O dólar à vista (USDBRL) registrou uma forte queda na sessão mais curta de hoje, na volta do feriado de Carnaval. A desvalorização da moeda frente o real foi puxada pelo exterior, em meio às expectativas de novas negociações sobre as tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos aos países vizinhos.
Nesta quarta-feira (5), a divisa norte-americana encerrou a R$ 5,7560, uma queda de 2,71% — próximo da mínima intradia.
O movimento acompanha a tendência vista no exterior. Por volta de 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais como euro e libra, caía 1,45%, aos 104,292 pontos.
O que mexe com o dólar hoje?
No cenário doméstico, os investidores reagiram ao Relatório Focus, que foi divulgado hoje (4) por conta do feriado de Carnaval. Os economistas consultados pelo Banco Central mantiveram a projeção de inflação em 5,65% no final do ano, acima do teto da meta. As estimativas de Selic seguiram em 15,00% e dólar a R$ 5,99 em dezembro de 2025.
As atenções, porém, ficaram concentradas no exterior. Os agentes financeiros reagem a novos dados econômicos nos Estados Unidos.
Em destaque, o relatório de empregos no setor privado, o ADP, apontou a criação de 77 mil vagas de emprego, depois 186 mil em janeiro em dado revisado para cima. Os economistas consultados pela Reuters previam abertura de 140 mil postos em fevereiro, depois 183 mil relatado anteriormente em janeiro.
Após os dados, os traders aumentaram as apostas de que o Federal Reserve (Fed), o Banco Central norte-americano, irá reduzir os juros em 75 pontos-base até dezembro, com o início da retomada do ciclo de afrouxamento monetário em junho. Hoje, a taxa está no intervalo de 4,25% a 4,50% ao ano.
Quanto mais o Fed reduzir os juros, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos atrativo à medida que os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA, os Treasuries — considerados os ativos mais seguros do mundo — caem, gerando apetite por risco em outros mercados com juros mais altos, como o Brasil.
O mercado ainda precifica a guerra comercial iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A taxação adicional de 25% sobre os produtos mexicanos e canadenses, além do aumento da alíquota de 10% para 20% sobre os produtos chineses, entrou em vigor na última terça-feira (4).
Em contrapartida, a presidente do México anunciou que haverá uma retaliação e as medidas serão divulgadas no próximo domingo (9). Já o primeiro-ministro do Canadá, , também determinou uma taxa de 25% sobre a importação de produtos norte-americanos no país. Novas negociações sobre as tarifas estão no radar.
Hoje, Trump concedeu um mês de suspensão das tarifas de importação às montadoras dos dois países vizinhos.
“Vamos dar uma isenção de um mês para qualquer automóvel que passe pelo USMCA (Acordo EUA-México-Canadá) para que eles não fiquem em desvantagem”, disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, a repórteres. “As tarifas recíprocas ainda entrarão em vigor em 2 de abril.”
A China também concentrou as atenções dos investidores e repercutiu na fraqueza do dólar sobre as moedas emergentes. A segunda maior economia do mundo estabeleceu a meta de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de “cerca de 5%” para 2025, a mesma do ano passado.