Dólar cai pelo 11º pregão seguido e tem maior sequência de perdas em 20 anos; moeda fecha a R$ 5,81
O dólar à vista (USDBRL) seguiu a tendência de queda pelo 11º dia consecutivo, em meio às incertezas sobre a imposição de tarifas de importação pelo governo Trump contra vários países. Com a nova queda, a moeda registrou a maior sequência de perdas em 20 anos.
Na comparação com o real, a divisa norte-americana fechou R$ 5,8160 (-0,35%). Pela manhã, a moeda chegou a encostar em R$ 6 com alta de mais de 1%.
O desempenho destoou da dinâmica vista no exterior. Às 17h (horário de Brasília), o indicador DXY, que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, subia 0,58%, aos 108,572 pontos.
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O que mexeu com o dólar hoje?
O dólar à vista iniciou a segunda-feira (3) em forte alta com a efetivação das tarifas de importação pelos Estados Unidos. No fim de semana, o presidente norte-americano Donald Trump impôs uma tarifa de 10% de tarifas sobre os produtos chineses, 25% sobre os produtos mexicanos e os canadenses — com exceção apenas do setor de energia, que enfrentará uma tarifa de 10%.
O republicano afirmou que deveria anunciar tarifas contra a União Europeia em breve. Com isso, o mercado começou a precificar uma nova guerra comercial — que interromperia as cadeias de suprimentos globais, reacenderia a inflação e desaceleraria a economia global.
Contudo, no início da tarde, a presidente do México, Claudia Sheinbaum, anunciou um acordo com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para pausar tarifas de 25% durante um mês.
Em uma publicação feita na rede social X, Sheinbaum afirmou que teve uma conversa com o presidente norte-americano, “com grande respeito” pelo relacionamento entre os dois países.
Trump confirmou a conversa e disse estar “ansiosa” para negociar as tarifas com a presidente mexicana, que será acompanhada pelos Secretário de Estado Marco Rubio, Secretário do Tesouro Scott Bessent e Secretário de Comércio Howard Lutnick, durante um mês.
Com o recuo dos EUA, o mercado reduziu as apostas contra as moedas emergentes, em meio as incertezas sobre a permanência das tarifas. No final da tarde, a expectativa era também de um acordo com o Canadá.
Já no cenário doméstico, a pressão sobre o real foi menor comparada com as moedas emergentes, tendo em vista que Trump ainda não cumpriu nenhuma promessa de taxação sobre os produtos brasileiros.
Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que, caso os Estados Unidos imponham tarifas de importação contra o Brasil, o país retribuirá com a mesma alíquota sobre os produtos norte-americanos, em entrevista a jornalistas.
Por aqui, o mercado também repercutiu ao primeiro Boletim Focus após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de elevar os juros para 13,25% ao ano, como o esperado, e manter a projeção de uma nova alta de 1 ponto percentual na reunião do colegiado em março.
Os economistas consultados pelo BC elevaram as projeções para inflação de de 5,50% para 5,51% — a 16ª alta consecutiva. Agora, a expectativa é pela divulgação da ata da última reunião do Copom amanhã (4).
O cenário político também entrou no radar, com a retomada das atividades no Congresso Nacional, agora sob o comando de Davi Alcolumbre no Senado e de Hugo Motta na Câmara dos Deputados.