Dólar cai e fecha a R$ 6,04 com posse de Trump nos EUA e 1º intervenção do BC no ano
O dólar à vista (USDBRL) terminou a sessão desta segunda-feira (20) com a primeira intervenção do Banco Central no câmbio e os investidores repercutindo o discurso de Donald Trump na cerimônia de posse da presidência nos Estados Unidos.
Na comparação com o real, a moeda norte-americana encerrou as negociações a R$ 6,0421 (-0,39%).
O desempenho acompanhou a tendência vista no exterior. O indicador DXY, que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, registou baixa de 1,36%, aos 107.986 pontos.
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O que mexeu com o dólar hoje?
No cenário doméstico, o dólar não sustentou os ganhos da sessão anterior com a realização de dois leilões de dólares em linha, com compromisso de recompra, pelo Banco Central.
Com as operações, que foram anunciadas na última sexta-feira (17), o BC injetou R$ 2 bilhões no mercado de câmbio com base na taxa de câmbio da Ptax das 10h, a R$ 6,0781. Essa foi a primeira intervenção sob o comando de Gabriel Galípolo.
Embora a autarquia não tenha informado o motivo dos leilões, eles ocorreram no mesmo dia da posse de Donald Trump como o presidente dos Estados Unidos — visto como um fator para a valorização do dólar com a imposição de tarifas de importações, inclusive de produtos brasileiros, além de outros políticas com viés inflacionário e que devem manter os juros elevados na maior economia do mundo.
Mas as medidas de tarifas de importação prometidas em campanha e fonte de estresse nos mercados recentemente não foram protagonistas do discurso de posse do republicano.
Trump apenas afirmou que vai tarifar e taxar os países para enriquecer os norte-americanos. “Estamos estabelecendo o serviço de receita externa para coletar todas as tarifas, taxas e receitas. Serão enormes quantias de dinheiro que entrarão em nosso Tesouro, provenientes de fontes estrangeiras”, disse.
Vale lembrar que o republicano prometeu, em campanha, tarifas de 10% sobre as importações globais, 60% sobre os produtos chineses e uma sobretaxa de importação de 25% sobre os produtos canadenses e mexicanos, tarifas que podem afetar os fluxos comerciais, aumentar os custos e provocar retaliações.
“Conversas de Trump com a China trouxeram alívio [nos últimos dias] e expectativa de que as negociações podem aliviar essas medidas, e será importante acompanhar as falas do novo presidente sobre o tema nos próximos dias”, disse a gerente de Research e head de conteúdo da Nomad, Paula Zogbi.