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Dólar tem leve queda e fecha a R$ 5,80 com dados de inflação e Orçamento no radar

12 mar 2025, 17:01 - atualizado em 12 mar 2025, 17:01
dólar estrangeiros
O dólar à vista teve mais um dia de perdas com dados de inflação no Brasil e nos EUA, Orçamento de 2025 e taxação de Trump (Imagem: iStock.com/MicroStockHub)

O dólar à vista (USDBRL) começou o dia em alta com dados de inflação no Brasil — fortes como o esperado — e nos Estados Unidos, além das tarifas de importação impostas pelos EUA. Ao longo do dia, porém, a divisa perdeu força com a Lei Orçamentária Anual (LOA) no radar.

Nesta quarta-feira (12), a divisa norte-americana encerrou as negociações a R$ 5,8088, com queda de 0,05%.



O movimento destoou da tendência vista no exterior. Por volta de 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais como euro e libra, subia 0,29%, aos 103,576 pontos.

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O que mexeu com o dólar hoje?

O câmbio teve um dia agitado, com os investidores dividindo as atenções entre dados de inflação no Brasil e nos Estados Unidos, expectativa pela aprovação da Lei Orçamentária (LOA) de 2025 e taxação sobre o aço e alumínio importados nos EUA. Confira o que movimentou o dólar a seguir:

 1 – Inflação no Brasil

No cenário doméstico, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) concentrou as atenções do mercado. A inflação brasileira subiu 1,31% em fevereiro, segundo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O número indica uma aceleração em relação à alta de 0,16% apurada em janeiro, e ficou em linha com as estimativas do mercado. A inflação acumula alta de 1,47% no ano e de 5,06% em doze meses.

Para o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, o IPCA veio dentro do esperado pelo mercado, mas ainda assim com algum “viés para pior.

O economista chamou a atenção para o comportamento dos serviços subjacentes, que, embora tenha desacelerado na margem, apresentou um acumulado em 12 meses que avançou de 5,9% para 6,2%.

Na avaliação de Sanchez, a inflação de fevereiro “traz maior confiança para o Copom em executar uma nova elevação de 100 pontos-base [na reunião da próxima semana], mas acende um alerta sobre o quão aberta deverá ser a comunicação para a próxima reunião.” O Copom divulga uma nova decisão sobre a Selic na próxima quarta-feira (19) e a expectativa é de elevação dos juros em 1 p.p., a 14,25%.

“Se afrouxar a comunicação, o mercado pode intensificar a interpretação de leniência”, afirma.

2 – Cortes no Bolsa Família

As notícias sobre a Lei Orçamentária Anual (LOA), que deve ser votada pelo Congresso na próxima semana, também repercutiram. Segundo informações do Broadcast, o governo propôs um corte de R$ 7,7 bilhões no programa Bolsa Família no Orçamento deste ano, ampliando a redução de despesas já prevista no pacote fiscal aprovado no ano passado.

Antes, a previsão era de corte de R$ 2 bilhões no Bolsa Família em 2025.

3 – Taxação sobre aço e alumínio

A taxação de 25% sobre as importações de aço alumínio feitas pelos Estados Unidos começou a valer nesta quarta-feira (12) — o que pressionou as empresas ligadas às commodities e o real. O Brasil é o segundo maior fornecedor em volume para o mercado norte-americano.

O governo brasileiro lamentou a imposição das tarifas e afirmou que avaliará “todas as possibilidades de ação no campo do comércio exterior”, inclusive junto à Organização Mundial do Comércio (OMC), segundo nota conjunta dos ministérios das Relações Exteriores e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

A nota ainda afirma que é “injustificável e equivocada a imposição de barreiras unilaterais que afetam o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos, principalmente pelo histórico de cooperação e integração econômica entre os dois países”.

Para o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a tarifa de 25% sobre o aço e o alumínio deve ter um impacto de 0,01% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

4 – Inflação nos EUA

No exterior, novos dados de inflação também movimentaram o dólar hoje. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,2% em fevereiro na comparação com o mês anterior e acumula alta de 2,8% em 12 meses. Mesmo com a aceleração na base mensal, os números vieram abaixo do esperado pelo mercado.

Após o CPI, o mercado consolidou as apostas de corte de 75 pontos-base nos juros norte-americano pelo Federal Reserve (Fed) até o final deste ano. Hoje, a taxa está no intervalo de 4,25% a 4,50% ao ano.

Os agentes financeiros também mantiveram o mês de junho como o mês mais provável para a retomada do ciclo de cortes nos juros pelo Fed.

Para o economista-chefe da Nomad, Danilo Igliori, os dados trouxeram algum alívio em relação à trajetória inflacionária, crescendo abaixo do esperado e relativamente menor do que os 0,5% registrados em janeiro.

“Apesar de o Fed deixar claro que não toma decisões com base em leituras individuais, o resultado de fevereiro favorece as possibilidades de um ciclo de afrouxamento maior do que o esperado até poucas semanas atrás. Ao mesmo tempo, o potencial inflacionário da guerra comercial seguirá no radar”, disse Igliori.

Repórter
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.