A culpa não é (só) do fiscal: dólar renova máxima intradia a R$ 5,45 — o que está por trás da nova alta?
Era previsto que a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) ocupasse o centro das atenções dos investidores locais nesta terça-feira (25) — com algum reflexo no principal índice da bolsa de valores, o Ibovespa (IBOV), e na taxa de câmbio.
Depois de dois dias de sucessivas quedas ante o real, o dólar (USDBRL) voltou a ganhar força. Durante o pregão, a moeda norte-americana renovou a máxima intradia com alta de 1,23%, a R$ 5,4569 — e terminou o dia com avanço de 1,19%, a R$ 5,4544. Mas a culpa, dessa vez, não é do cenário doméstico.
O dólar acompanha o avanço da moeda ante divisas globais, como euro e libra. O indicador DXY, que compara a divisa norte-americana com uma cesta de seis moedas fortes, avança desde o início do pregão.
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O motivo tem nome e sobrenome: Michelle Bowman, a diretora do Federal Reserve (Fed).
A dirigente do BC dos Estados Unidos disse que manter a taxa de juros elevada “por algum tempo” provavelmente será suficiente para deixar a inflação sob controle.
“A inflação continua elevada, e ainda vejo vários riscos de aumento da inflação que afetam minha perspectiva”, disse Bowman em comentários preparados para apresentação em Londres.
Ela ainda afirmou que, “olhando para o futuro, vou observar atentamente os dados que estão chegando, enquanto avalio se a política monetária nos EUA é suficientemente restritiva para reduzir a inflação para nossa meta de 2% ao longo do tempo”.
Vale lembrar que no início de junho, o Fed manteve os juros no intervalo de 5,25% a 5,50% ao ano pela sétima vez consecutiva. Esse é o maior patamar em 23 anos. O BC norte-americano prevê apenas um corte nos juros, de 0,25 ponto percentual, até o fim do ano.
Em linhas gerais, os juros elevados por mais tempo nos Estados Unidos reduzem o fluxo de dólares para países emergentes, como o Brasil — o que reflete em menor oferta da moeda norte-americana e pressiona a cotação do dólar ante o real.
Alta do dólar preocupa Banco Central
Na ata do Copom divulgada mais cedo, o BC reforçou que o ambiente externo está mais adverso, em função da incerteza elevada e persistente sobre a flexibilização da política monetária nos Estados Unidos e quanto à velocidade com que se observará a queda da inflação em diversos países.
O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse que o avanço recente do dólar ante o real gera um “incômodo”.
“A gente tem um cenário que trouxe novas adversidades, um câmbio que andou bastante de um ciclo para outro, e que tem um incômodo relativo a esse câmbio que andou bastante”, disse o diretor do BC durante videoconferência promovida pela Warren Investimentos.
Apesar disso, Galípolo afirmou que não há um “gatilho” que determine a elevação dos juros, já que a autoridade monetária não tem uma meta de câmbio ou de diferencial de juros, mas sim uma meta de inflação.
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*Com informações de Reuters