Dólar engata terceira alta e vai a R$ 5,07 no último pregão de maio
O dólar à vista emplacou nesta quarta-feira a terceira sessão consecutiva de alta ante o real, com investidores comprados puxando as cotações para cima, na disputa pela Ptax de fim de mês, e com a moeda norte-americana também em alta no exterior, após a divulgação de novos dados econômicos globais.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 5,0722 reais na venda, com alta de 0,59%. No mês de maio, a moeda norte-americana acumulou elevação de 1,67%.
Na B3, às 17:27 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,69%, a 5,0960 reais.
A divisa dos EUA subiu durante toda a sessão, tendo sido impulsionada até o início da tarde pelos investidores comprados (posicionados no sentido da alta da moeda), de olho na Ptax.
A Ptax é uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central com base nas cotações do mercado à vista e que serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la para níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas ou vendidas em dólar (no sentido de baixa do dólar).
A cotação do dólar passou por picos justamente perto dos horários de coleta de preços para formação da Ptax, numa atuação clara dos investidores comprados. Às 12h02 (horário de Brasília), a moeda norte-americana marcou a máxima de 5,1284 (+1,71%).
Além dos fatores técnicos, as cotações do dólar foram influenciadas nesta quarta-feira pelo exterior, onde o viés era de alta para a moeda norte-americana ante outras divisas de exportadores de commodities e emergentes. Os dados econômicos e as notícias do dia contribuíram para o movimento.
Logo cedo, os mercados abriram com os dados do Índice dos Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) da China nas telas, que mostraram queda para 48,8 na indústria em maio, ante 49,2 em abril, além de recuo para 54,5 no setor de serviços em maio, ante 56,4 em abril. Números ruins para a China, grande consumidora de commodities, costumam penalizar moedas como o real brasileiro.
Em paralelo, as cotações do petróleo voltaram a cair nos mercados internacionais, em mais uma indicação de possível fraqueza da atividade econômica.
Investidores também acompanhavam os desdobramentos do acordo para ampliação do teto da dívida norte-americana, que pode ser votado ainda nesta quarta-feira no Congresso dos EUA.
Na Europa, dados mostraram que a inflação na França e em alguns dos maiores Estados da Alemanha está esfriando. Os números reduziram a pressão sobre o Banco Central Europeu (BCE) para continuar elevando os juros, diminuindo a atratividade do euro em relação ao dólar.
A percepção de que o Federal Reserve poderá elevar sua taxa de juros, atualmente na faixa de 5,00% a 5,25%, também dava suporte à moeda norte-americana no Brasil, já que internamente a leitura é de que o Banco Central está próximo de iniciar o processo de cortes da taxa básica Selic.
“A gente vem de uma sequência de dados inflacionários mostrando arrefecimento, com o IPCA-15 e o IGP-M de maio, o que pesa na curva de juros e influencia o dólar”, afirmou Cleber Alessie Machado, gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM. “Estamos na expectativa de estreitamento do diferencial de juros, e o mercado precisa se adequar a isso”, acrescentou.
No início da tarde, as cotações do dólar começaram a desinflar.
Operador ouvido pela Reuters afirmou que, definida a Ptax em 5,0959 reais, investidores comprados começaram a desmanchar algumas posições estabelecidas apenas para influenciar a taxa calculada pelo BC.
Isso conduziu o dólar a patamares mais baixos, ainda que a moeda tenha se mantido no positivo.
No exterior, o viés no fim da tarde seguia positivo.
Às 17:27 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– subia 0,15%, a 104,210.